30.9.06

intuição

Quem és, conheço pelo teu corpo: pela posição dos braços, pelo sutil movimento do pescoço e pelo comprimir dos teus lindos olhos... Por isso sei que às vezes ages sem verdade; e sei teu modo real de agir - é o modo como ages em meus sonhos.

Epitáfio 30/09

Acordar de certos sonhos
É o mesmo que morrer.

25.9.06

Lá no de trás - contemplação

Isto dá-se: repara: perceba: oriente: já disse que esperar a gente só espera, umas imaginações desordeiras, mas o que se tem sabor se espalha. Um friozinho de encostar a cabeça num amor gostoso de vida sempre convivida.

Palavrinha

Te amo!

22.9.06

(ia se chamar "Agora só falta você, iê, iê")

eu ia escrever um post pra tentar explicar certas coisas e tal, mas - como o resto da minha vida e pessoa - é inútil...

19.9.06

Coita amorosa
ou
Enrolações de um sem-futuro

Mote:
“Ante o brilho da visão
tudo nada e tudo vão.”
(Goethe, Fausto)

Num dia perdi o futuro
Frente à tua imensidão
E com um só olhar puro
Levaste minha vida ao chão,
Tudo nada e tudo vão.

Por não querer nada mais
E por me dizeres não
Por não me sentir capaz
De ganhar teu coração,
Tudo nada e tudo vão.

Mesmo conhecendo o Belo
De flor, cinema ou canção
Injusto ainda é o duelo
Com tua contemplação,
Tudo nada e tudo vão.

Por mais que seja de novo
Que seja só ilusão
Eu mais uma vez me movo
Ante o brilho da visão,
Tudo nada e tudo vão.

19/09/06

18.9.06

Será que era eu?

"(...)e levava laranjas
e levava maças
e pagava sorvetes
e roubava beijinhos

e fazia versinhos

e fazia canções."
Traição
ou
Parece que vai chover

Te odeio quando me perguntas por que choro
E quando me indagas se estou bem
Sabes falar a coisa errada na hora errada
Esticas uma corda que não vês
Não vês que é só por ti, por ti que rogo?
Já não tenho paz estando contigo ou sem
E em minha dor a mais não cabe nada
Me enluto por meu lugar e por minha vez
Ah, o anjo sob o céu escuro do crepúsculo!
E seu vôo desajeitado lá ao longe!
Seu pular e seu cair e se levantar!
Ah, o leve breve contrair de cada músculo!
E a luz dos olhos que a muita distância esconde!
Seu me olhar e seu resistir e se afastar...

18/09/06
Caramba, quanta dor...

Queria que me rejeitasses de novo, pra no auge da dor eu conseguir usar as lâminas que já tenho separadas para isso...

16.9.06

O animal que logo sou


Talvez exista um universo paralelo em que...

Ah, a metafísica!...

E o amor deverá existir? Nem que seja verdade que tudo é biologia e química, nem que tenha que haver um Deus para justificar, nem que o mundo todo seja uma coisa divina só, nem que tudo que eu já pensei esteja errado...

E talvez eu deveria voltar para a Europa, e morar lá sozinho, pra começar vida nova.

a História é um homem surdo que responde perguntas que ninguém fez

Jesus por duas vezes veio ao Brasil, e eu vou ter de encenar isso

Há um MeninoDragão que --

Já não tenho opiniões, também, tenho só possibilidades e hesitações

não é possível dar, perdoar, enlutar ou hospedar

Na desesperança há alguns momentos que parecem ser de felicidade, mas há uma dor mais profunda que o universo que sempre nos espera por trás das coisas - e parece que elas têm vida porque sem você encostar nelas elas de repente voltam a ter aquela tonalidade escura e medonha... solidão...

O teatro é mesmo a melhor coisa que há, não é? Mas não adianta!

Sempre terei mais medo de interpretar uma personagem feliz do que o mais trágico dos heróis das tragédias mais difíceis

e as imagens são belas, as belas imagens, e atraentes; mas a Simone de Beauvoir...

O que é que ergo sum?

Isso de usar máscaras à noite para não ser reconhecido por sua profissão/identidade é a solução dos problemas éticos/políticos do mundo. Ou o contrário: usar máscaras de dia

E as máscaras larvárias talvez sejam a melhor invenção do Homem

Não é simples fazer uma vaca gigante de mangá, mas é necessário quando se tem professoras loucas

O Derrida está certo: decidir tem de ser um momento de loucura

Adieu, Donner la mort - La possibilité d'une île...

14.9.06

Sabe o que eu fazia?

Eu colocava o chapéu e dizia "Aí, não sei. Mas acredito." É questão de sensações, não é? De conhecimento. De palavra (palavra sim, estou convencido, talvez ela ainda duvide). De romper a impotência e a onipotência. De olhar primeiro, entender depois.
Acreditar. Nos meninos e nas meninas.
É por isso que amo vocês. A gente se acredita. De verdade.
Tou me sentindo a Dedé.

Hoje teve Música. Os que escutaram, lá do céu dançaram lindo.

Puta vida! Preciso dormir. Estou principiando não reconhecer o futebol.


(Quer dizer amor? Sim. Todo o amor que nos falta.)
Hoje.
E amanhã.

13.9.06

Tic-tac.

Com o tempo, tudo vai ficando mais e mais difícil de suportar. Os sorrisos amarelos, a falta de consideração, as piadas de maus gosto, as pequenas inconseqüências, tudo parece cada vez mais horrível, cada vez mais punível, cada vez mais intolerável. Passado tempo suficiente, seu melhor amigo começa a parecer alguém com quem você não teria vontade de falar, e até seu ídolo torna-se uma pessoa medíocre. De repente, você se olha no espelho e se pergunta porque é que passa tanto tempo perto de si mesmo....


... No fim, sobram apenas as pequenas alegrias da vida...

10.9.06

Pontuação...; ?, .

Cansei de sonhar, de escrever, de ver, de procurar, de transmitir, de explicar...

Só quero subir numa árvore (embora aqui não haja árvores) e ficar olhando pros teus olhos felinos... ouvindo o teu ronronar... tentando sentir tuar patas suaves deslizando pelo piso... sentindo o cheiro do teu pêlo tão branco quando te espreguiças ao sol...





Este fim de semana me ensinou uma coisa, que foi um pouco dura, mas um pouco necessária: é que é sim possível deixar de amar. Deixar de querer. Deixar de esperar... A gente acha tanta coisa, acha que vai ser pra sempre, sempre... Mas chega um ponto em que é melhor simplesmente dizer adeus, em que é melhor simplesmente se deixar levar... E depois desse ponto, tudo é possível, até mesmo o esquecimento. Paixão? Não, acho que não era apenas paixão... Eu acredito, e espero que você saiba, que foi muito mais verdadeiro e profundo que isso. Mas... depois do fim, que nos resta? Depois do fim...
Então os românticos estavam errados, porque eu sei que foi verdadeiro -- mas foi verdadeiro no momento errado ou talvez por momentos demais, e nem tudo pode mesmo durar para sempre... Poderíamos ter investido mais, quem sabe a vontade de estar lá não voltaria, mas... O que eu queria dizer é que não sinto saudades. Porque saudade é querer reviver o passado na lembrança, é querer sentir o que já se sentiu. Então o amor acaba...?

Não sei... Não sei mais quem somos um ao outro. Quando o vejo, é como se estivéssemos em filmes diferentes. Seria mais fácil se nos cumprimentássenos? Ou se nos evitássemos? Será? Acho que, quem sabe, um dia, talvez, nós podemos, sei lá, tentar apresentarmo-nos de novo...




Eu fiz uma música uma vez, na qual eu reclamava de não conseguir te esquecer... Agora é tão estranho, porque... Porque, sim, acho que o amor acaba. Não terminantemente - ou talvez apenas se modifique a ponto de tornar-se irreconhecível -, mas digo que acaba, sim. Pelo menos o amor que se consuma, de alguma forma... E há muitas forma de consumar, de consumir um amor. Por isso de agora em diante não vou mais falar de nós. Ao menos não para qualquer outra pessoa. "Nós" fica sendo nosso segredo, um estranho segredo entre estranhos familiares. Porque também eu não posso ir até você sem ser chamada. Porque nunca mais quero seu beijo. Porque amanhã, quando nos encontrarmos, vou te cumprimentar como se... Como?...

Passando os olhos pelo pagode do Tom Zé

Recitativo-fuxico de Maneco Tatit: Mas meninas, vocês souberam? Foi o pagode,
foi o pagode. Foi o pagode, esse alcoviteiro sem vergonha, lascivo, que foi perverter,
desviar, desatinar a cabeça de um rei da Inglaterra, que largou a coroa, largou tudo por
causa desse pagode. Esse facilitador de namoro! E não respeita uma potência como
a Inglaterra! Que sujeito subvertedor da ordem, do respeito, da lei! Até na Inglaterra...

Já consigo dizer sem chorar:

Estou de volta pro meu aconchego.

Mama Cass Elliot

Nobody can tell ya
There's only one song worth singing
They may try and sell ya
'Cause it hangs them up to see someone like you

But you've gotta make your own kind of music
Sing your own special song
Make your own kind of music
Even if nobody else sings along

You're gonna be nowhere
The loneliest kind of lonely
It may be rough going
Just to do your thing's the hardest thing to do

So if you cannot take my hand
And if you must be going
I will understand

No fundo o que eu queria dizer é isso: preciso de alguém que aceite cantar comigo. Não quero que ninguém se encaixe na minha música, mas também não tentem me forçar a cantar seus horrendos hinos. É solitário, mas essa é a vida. E vale a pena ser um pouco solitário assim, porque quando se encontra pessoas que conseguem cantar com você é... tão bom! Ah, como eu não quero voltar pra Campinas! Mas que belo fim de semana!

9.9.06

Comentários feitos à vontade neste sábado

Saindo de casa no começo da noite, senti aquele friozim que já me deixou meio descabido de tritezinha ácida. Aí por um instante percebi: é sempre o frio que vem junto com a soledade, questão de acolhimento: o sol de hoje cedo na Luz - com devida companhia, em passeio criativo -, o fogo d'ontem de-noite, com companhia que foi muito de verdade, cada qual a seu jeito (como faz tempo que não via): quentura e acolhimento, brisa fria e as ruindades.
Aí então que, por um outro caminhos, pensei de pensar nas securas maltratadas pelo sol e acolhidas pela chuva fria: o inferno e o inverno; foi então que do friozim que lá estava, sonhei com gente boa que se abraça pra esquentar a vida e esquenta chá e chocolate pra esquentar o corpo; e os docinhos.
Resvalei então na inconclusividade das coisas.

A idéia não foi minha (idéia com dono é perigoso... pois imagine cornear o capeta!) mas ela veio e taí se exibindo na nossa frente, a elegância de talvez um móbile de gravatas-borboleta.

Pois não basta um copaço de tamarindo com pastel de carne! Quando é assim, o amor só vai crescendo, me dou inteiro. Até que o tamarindo se escafeda ou azede na minha boca ou sem explicação alguma se recuse a me mostrar o Mundo, seu.
Isto fine! que não quero metáfora... mas um refresco de tamarindo.

De vagar eu não me canso.

Há uma Nina, lá no sul que ri certas risadas. E umas lágrimas... Não é que são as minhas também?
Lágrimas do Sul: (Guarda o toque do tambor/ Prá salvar tua beleza/ Na volta da razão/ Pele negra quente e meiga/ Teu corpo e o suor/ Para a dança da alegria/ E mil asas pra voar/ Que haverão de vir um dia/ E que chegue já, não demore não/ Hora de humanidade, de acordar/ Continente, mas a canção segue a pedir por ti).

Uma última coisinha que orbitava cá pelo meu rosto.
Fica mal com Deus
Quem não sabe dar
Fica mal comigo
quem não sabe amar

Justificativa oficial

Alego opção com respaldo histórico.

E viva o amor.

8.9.06

“Cada amigo representa um mundo em nós,(…)”

“(…) um mundo possivelmente não nascido até eles chegarem, e é só com esse encontro que um mundo novo nasce.” – Anaïs Nin.

Procuro não julgar as pessoas, principalmente meus amigos, por meio de um critério moral ou moralista que pouco se adequaria a esse tipo de questão sentimental, relacional. E, como disse o Comte-Sponville, as coisas e pessoas são vistas por nós como amáveis (valorosas) porque nós as amamos, e não o contrário (não é a percepção de um valor que nos faz amá-las). Como acredito nisso tudo, amo meus amigos porque amo meus amigos (e considero meus amigos aqueles que amo), nada mais.

No entanto, isso não é tão simples assim. Há uma antítese: às vezes o valor próprio dessas pessoas ou coisas é tão forte (positiva ou negativamente) que pode alterar essa estrutura sentimental construída de início. Para mim, um amigo precisa ser um mundo – nele e em mim. Por isso eu quero dizer que ele precisa ter bastante daquela coisa que poderíamos chamar de vazio e que se caracteriza pela preenchibilidade. Como uma pintura zen: contém apenas uma pincelada e muito espaço não pintado, mas essa pincelada é tão expressiva que ecoa no todo, possibilitando que aquele que a vê coloque a si mesmo naquele espaço desocupado.

Quando vejo nas pessoas uma tela entupida de tinta, um caráter que não é um mundo, mas um corpo estável e fixo, me decepciono profundamente. São pessoas que são um mundo apenas para si mesmas. Para fora, são pessoas de pele grossa, satisfeitas, com um colorido arrogantemente próprio. Não gosto de me relacionar com essas pessoas, e não fingirei que gosto. Algo que aprendi com o amargor da vida é a não gostar sem peso na consciência (embora com algum pesar, necessariamente). Normalmente não teria problema em dizer simplesmente quem são as pessoas de quem falo, mas isso tende a incomodar as outras pessoas (aquelas com quem eu me importo) que muitas vezes são menos amargas que eu nesse sentido.

Tento não ser uma pessoa entupida para os outros. É verdade que não sei me relacionar com outros seres humanos, mas não quero e tenho por que guardar minha liberdade só para mim, quero dividir meu nada com as pessoas que amo. As pessoas que amo – posso contar nos dedos de uma só mão. Há outras que têm essa qualidade que busco sempre, mas com quem por um infeliz acaso eu não pude e não posso conviver tanto.

Não quero julgar moralmente as pessoas de quem me afasto, repelido por essa casca ôntica desagradável. Simplesmente digo: não me interessa. Posso até gostar dessas pessoas, gostar mesmo, mas não serão verdadeiramente amizades.

Me interessa estar numa praça já à noite, subindo em árvores, brincando de rei no parquinho, conversando sobre qualquer coisa, pulando para a Luda ver, fazendo piadas bestas sobre sexo, te agarrando quando você se solta da árvore...

7.9.06

A mentira é mais escrachada em certos lugares.
Chega até a ser verdade.
Deliciosa.

Nada como carrinhos, bicas, soladas, encoxadas, ombradas, cotovelões, dedadas (!), vagabundagens, xingamentos, bicilcetas, tropeções, pisões, aceitações.

6.9.06

Frio disgramento

O bom do friozinho é ficar abraçadim assim... Só faltava agora aquele doce.

Abraçadim assim mesmo. Muito apertando pra passar o frio.

Ê lasquera de tanto amor que existe nesse mundão, viu?

5.9.06

Minha paz

é a música

Me deixa em paz
(Monsueto e Ayrton Amorim)

Se você não me queria
Não devia me procurar
Não devia me iludir
Nem deixar eu me apaixonar
Evitar a dor
É impossível
Evitar esse amor
É muito mais
Você arruinou a minha vida
Me deixa e
m paz

Do demo? não gloso...

Mas da Alaíde Costa, do Clube da Esquina, de Minas Gerais, do Mar e das Meninas, sim.
E muito.

4.9.06

Novidade

Pois quando perguntaram de que lado vocês ficariam numa eventual briga, nem lembro quem respondeu.

Mas não interessa. Agora, depois de tudo, vocês entenderão que não os suporto, apesar de amá-los. Também não os suporto, creio que seja perceptível.

Por quanto tempo?

Um dia nos vemos de novo,
mas por enquanto que alegria que são

Nina, Rafa, Cunha, Bia, Flávia, Déia, Júlia, Luca, Henrique, Felis, Isa, Fernando, Felipe, Dani, Ana, Sil, Rô, Line, Júlia, Júlia, Paula, Paulinha, Manfra, Pati, David, Sofia, My, Dri, Gabi, Jota, Franco, Amanda, Alê, Bia, Gac, Vivi, Mô, Karen, Juliana, Márcio, Formiga, Giu, Muri, Dante, Edu, Gui, Pedro, Nonô, Maria, Mariana, Henrique, Olavo, Cá, Ivens, Fernanda, Ana, Edu, Mariana
...

Juazeiro, seje franco: ela tem um novo amor?
Se não tem por que tu choras, solidário a minha dor?


Juazeiro, meu destino tá ligado junto ao teu
No teu tronco tem dois nomes, ela mesma é que escreveu.

Ai, juazeiro.....
Ai, juazeiro,
Ai, juazeiro........

(Música!) Não aguento mais doer.


____________________
De onde vem essa coisa tão crua que me acorda e me põe no meio da rua?

Será que é isso?
E se não for, que seja.

Estou sertanejo, é o que quero.

Estou sertanejo, estou preferindo, escolhendo.
Amém.

.é difícil defender só com palavras a vida.


Você ama?
Qualquer maneira de amor vale a pena.

.
.
.
.
.
.
.

E no final, tudo dará certo. E a ordem natural das coisas será respeitada. E o mundo será justo.
E você.... ah!

§§§

Eu estou certo de que sou eu mesmo.

E estou orgulhoso da forma como o mundo está aí. e tudo o que faço ou fiz tem alguma válidade.

(Mesmo que me doa, me indigne, me rechace.)


É seu Francisco, boné e cachimbo, me ensinando que a luta é mesmo comigo.

3.9.06

A canção segue a torcer por nós

Era um era dois era cem
tumtumtum turuntuntuntch tuntch
mil tambores e as vozes do além
tumtumtum turuntuntuntch tuntch
Povo velho, senzala, casa cheia
tumtumtum turuntuntuntch tuntch
repinica rebate revolteia
tumtumtum turuntuntuntch tuntch
Bate forte até sangrar a mão
tumtumtum turuntuntuntch tuntch
E batendo pelos que se foram
tumtumtum turuntuntuntch tuntch
Ou batendo pelos que voltaram
tumtumtum turuntuntuntch tuntch
Os tambores de Minas soarão
tumtumtum turuntuntuntch tuntch
Seus tambores nunca se calaram


(de Milton Nascimento)
Pelo menos que venha logo a loucura!... então quem sabe eu não posso crer que te tenho, mesmo que seja trancado num quarto de hospício!...

Mais uma vez

É engraçado ter saudade de um certo tempo, até porque naquele tempo do qual eu tenho saudade eu era, como sempre, tão infeliz!... Naquele tempo, eu jamais acreditaria que era possível estar mais distante de você, sentir mais sua falta, pois sua ausência era tão grande, mesmo você ali diante de mim. Mas por mais que eu fosse infeliz, miserável mesmo, naquele tempo em que eu tinha a sua companhia (Como pode um peixe vivo...) sempre houve uma presença clara e evidente: a da possibilidade de encontrar a felicidade. Acho que é isso que chamam alegria, e fui muito alegre com você. Talvez seja pequenez minha não conseguir te amar a ponto de dizer simplesmente que me contento com sua existência (e regozijo com sua existência), mas não me é suficiente e te amo também dizendo que preciso de você e que te quero. Preciso dessa esperança de você, porque eu vi o que é o mundo. Sabe, sem você eu me sinto... horrível. Vejo-me como alguém ruim, incompetente, inábil, inútil, desastrado, mal-educado, egoísta, irritante, incorreto, mesquinho. Tudo me acontece de errado, e como se isso não bastasse eu só faço merda. Mas, perto de você, é como se eu pudesse ser outra coisa. A solidão deve ser o sentimento mais objetivo que há. E a atmosfera de Plutão é tão fina que nos dias mais frios ela congela e cai sobre a superfície do astro – é o próprio ar nevando em si mesmo. Queria poder te convidar pros lugares. E cada olhar pra você, cada abraço, passar a mão sobre suas coisas, ou mesmo ouvir sua voz no fundo de uma conversa telefônica...

2.9.06

eu não faço filosofia

No mundo e na vida sempre há, premente, gigante, silente [essa palavra existe!], o irracional, que só os mitopoetas - os religiosos (mas os verdadeiros religiosos, aqueles que tinham coragem de criar o belo, não esses que se encontra por aí hoje em dia) e os artistas (mas os verdadeiros artistas, aqueles que tinham capacidade de criar o belo, não esses que se encontra por aí hoje em dia) - conseguem tangenciar.