25.9.04

I hate you cause I loved you: Un blog creado exclusivamente para contar el dia a dia de una mente atormentada por el amor

Uma mensagem do futuro, encontrada nas profundezas do blogger (por meio do botão "NEXT BLOG").


DOMINGO, SEPTIEMBRE 26, 2004

Berlin, año uno
Es hoy, cincuenta y una semanas despues de que me dejaras, cuando he reunido fuerzas para comenzar este proyecto que tenia en mente hacia ya tiempo. El diario que ahora comienzo sera depositario de las frustraciones que ataquen mi corazon acuchillado durante el resto de mi existencia.

14.9.04

Sôbre Corcéis e Carcaças

[ou cocheiros, ou carroças, mas a essa altura isso já não importa. Ainda.]

As palavras são sempre intencionais. O falar é intencional. A palavra inventada foi inventada, toda a palavra descoberta foi inventada com a intenção de ter um significado. Os significados das palavras são sempre intencionais. Sempre. Palavra não se diz por acaso, não existe "saiu sem querer", nunca ouvi falar de pensar alto (mas já achei que tinha dito muitas coisas). Não falar às vezes pode ser por acaso. Mas o silêncio (eternamente, a versão sonora das trevas), o silêncio cála e não é palavra. O silêncio quer dizer muita coisa mas no final não diz nada. Porque pode dizer tudo, e qualquer coisa. O silêncio é um grande poço vazio. A única luz é reflexo da Lua, que, aliás, é reflexo do Sol. O Sol é uma coisa viva: as explosões nucleares são iguais a explosões amebares. Dessa forma, o Sol é a origem da vida. Só que isso é uma grande corrupção da realidade, e dos meus pensamentos. Afinal, o que é vida?
Palavras são como uma flecha, elas têm mira. Eu as lambo antes de lançá-las. Suas penas, penas fazem cócegas, mas eu não tenho cócegas na língua, então elas voam certeiras e quase sempre erram o alvo. Mas as palavras não são uma ciência exata. Elas se inventam e reinventam, recriando uma rede pessoal de amortecimento, compreendendo a realidade, recipiendo a vontade do significado de chegar intato ao seu destino, contendo o desejo da mente de se comunicar diretamente com outras mentes, quem sabe não usariam o mesmo código? E nisso as palavras extravasam e remodelam o núcleo invisível da fala e da escrita, destruindo a intenção do palavrear.
Mas as palavras são sempre intencionais. Pode ser que o significado se corrompa entre uma mente e outra, ou que, no eco redundante dos pensamentos das linhas inferiores, a mente perceba, tarde demais, que foram as palavras erradas. Palavras servem, como quase tudo no mundo, para causar reações definidas nos receptores. Mesmo que quase sempre a reação não seja exatamente a esperada, chegando mesmo a ser o oposto dela (por uma questão de mudanças nos códigos), a intenção do palavrear é pura, ideal, e absolutamente incognocível. Pensar nesse significado, por si só é absurdo. Mas existe. A palavra nunca é um acidente.

Mas os gestos sim. Os gestos não são controlados. Os gestos, diferentes das palavras, ocorrem livres, incontidos, ou pensados, pois são frutos não só da mente mas da medula, duma carne que é irracional, buscando prazer, segurança, num certo desespero que nos desespera em seguida. Torna-nos incapazes de compreender nossa própria situação. A grande diferença entre o gesto e a palavra é que a palavra é sempre algo racional. Mas o gesto, sípido e selvagem, pode ser o fruto virgem dum impulso que entra no fundo do corpo, penetra na carne, que é fraca, e causa uma explosão que cocheiro nenhum no mundo é totalmente capaz de conter. O gesto, como a palavra, pode ser errôneo, condenável, e além disso ainda pode ser impensado, involuntário até. O gesto, o desejo físico de gestuar formiga nos músculos que contemos com toda a força de nossas consciências, mas o desejo do gesto, como não poderia haver o desejo da palavra.
Pois a palavra, a palavra é a corrupção do berro, é a contenção do urro, é a deturpação do puro. A palavra? A palavra é a tradução do intraduzível, é a escultura de um pássaro, é a fotografia do livre. A palavra é o agrilhoar do pensamento; as linhas escritas são as margens dos rios dos devaneios. Palavrear é transpôr a vida para a arte!

"A arte não reproduz o visível, mas torna visível."

Por isso mesmo, não acho que observar com atenção as palavras utilizadas pelo escritor vai nos dar a maior compreensão do texto: pois o real significado está muito além das palavras.
O gesto é, também, uma forma de escapar das palavras. Converter o pensamento num olhar, num rosnado, num abraço, um beijo, um pulo, uma dança. O cantarolar já é algo muito mais sublime: pois, como o gesto, não tem o problema maior da linguagem convencionada, mas, como a palavra, não tem limites no espaço (não que a linguagem gestual não tenha suas convenções, mas pode haver comunicação sem elas, o que não acontece na linguagem falada).

O pensamento nunca aparece numa forma pura: tem sempre que ser convertido em imagem, em som, em movimento, em objeto; pois nos comunicamos pelo meio físico, recebemos os pensamentos dos outros com nosso corpo animal. Talvez, se pudéssemos transmitir nossos pensamentos diretamente uns aos outros, pudéssemos então compreender realmente as idéias e a mente humanas. Ou talvez apenas ficássemos loucos...

Mas, eu estava lembrando, não era sobre isso que eu queria falar.
Era sobre o gesto. O gesto involuntário, que escapou ao controle do côche e fez o que queria. O gesto violento, puro, impulsivo. O Impulso.
O Impulso não tem nome, não tem coração. Ele é feito de carne, de sangue, e de um bolo de sentimentos que não distingüe amigos de inimigos, nem amantes de irmãos. O Impulso é sempre virgem, sempre filhote, sempre inconseqüente. Os significados múltiplos do Impulso não podem ser convertidos em palavras, simplesmente porque não são compreensíveis. O Impulso é filho do lapso, do sono, do desespero, do desejo.
Já sentiu, numa hora qualquer, que fez um movimento sem querer, um movimento que normalmente você não faria? Um gesto que significaria algo inconcebível, qualquer coisa que você não poderia decidir por fazer?
Eu já, e muito. Totalmente irracional, o Impulso é algo sem fronteiras.

12.9.04

Allegro Scherzando

Sugar Plum Fairy (from The Nutcracker) Peter Tchaikovsky
Cocos batendo, flautinhas das palmeiras do Uakti.Som é onda. São ondas a um determinado número de vibrações por segundo.Ou talvez sons são elétrons fazendoPLOC....................................PLOC..............PLOC
.........PLOC.PLOCPLOC.............................................PLOClá nos arredores quânticos do átomo.
O violonista gaúcho tocava. As cordas do violão vibravam, o violão vibrava, ele vibrava. O clarinetista carioca-paulista assoprava. Ele vibrava. Meu cérebro foi invadido por uma solução aquosa de música. Música que no meu cérebro fazia evaporar a água. No meu cérebro a música começou a ligar os neurônios. Conectava-os cada vez mais uns aos outros outros aos uns todos a todos. ............................................................PLOC............PLOC
Na amazônia, um monstro enorme, cheio de buracos corre fazendo com que o ar, passando sobre seus furos vibre ...............PLOC............ produzindo som. Um som lindo que atrai as mulheres lindas índias-brasileiras, fazendo com que os homens lindos índios-brasileiros se enciumem e matem o monstro lindo sonoro. Uakti - o monstro - morre e lá mesmo nascem três palmeiras. A flauta que os lindos índios-brasileiros fazem com essa palmeira reproduzem perfeitamente o lindo som do monstro...
..
..
..
P
L
O
C
..
"Antes de fazer a música, a música faz o homem"Antes da fazer a música, a Música faz o Homem.
Cocos batendo.
Xilofone.
Como é bom poder tocar um instrumento.
Violino.Viola.Elétrons.Clarineta.José.João.Juliana.A rosa e o sorvete. Carrosel. Parque. Domingo. Festa. Balada. DJ. Maestro.Matou matou matou matou pra se salvar.
CHONCAPS + música = vidaMoléculas complexas, pontes de hidrogênio, aura, alma, mente, reações químicas, umquêamais.MÚSICAo uirapuru não sabe que faz música. {ou sabe?} Eu sei que eu faço música.Como é bom poder tocar um instrumento.Uma ova. ................................ovo..............................PLOCComo é bom poder fazer músicaComo é bom poder reconhecer música.CHONCAPS + Arte = VidaVontade Infinita De AmarVontade infinita de fazer música. Arte. Vibrações elétrons plocando.E uma mi mi mi e uma nhó nhó nhó e uma mi e uma nhó e uma minhoquinha bem piquinininha.Alegria alegria. Brincadeira.Allegro Scherzando.Allegro Scherzando!Molto presto. Brasileirinho. piririrí pororipororipororipororipororó pororópororópororópororóporori pirirí pirirí pi pi pirenonimoron
. CHONCAPS scherzando com música .
Lalalala lalala lalalalalalala lalalala lalalala lalalalalalalalala
O ser humano é estômago e sexo.O menino tinha música na barriga.OMENINOTINHAMÚSICANABARRIGARaimunda, o menino nasceu.Raimunda, a música nasceu.porororó porororó porororó porororó porororó............. PLOC. ....................
Uakti foi morto e virou música.Quando morrer eu quero virar música.Quando eu morrer eu vou virar música.Harmônicos perceptíveis conscientemente de DÓ: Dó, sol, dó, mi, sol, sib, do
Quando uma corda vibra, vibra também metade dela, um terço, um quarto, um quinto, etc. etecétera et caeteraMi mi mi ré dó mimi sol sol sol fá mi fáfá fá fá mi re fáfá lá lá lá sol fá sol
Sol dó dó dó si lá si mi mi lá lá sol fá solfá fá fá mi ré mi mi mi ré dó ré ré ré dó si lálá ré ré dó si lási lá si láOmnia feuunt et nihil manetTudo corre e nada permanece.TUDO SOA.O silêncio soa.O som do silêncio é um som nulo.Mas é um som.Perceptível!
Fortuna Imperatrix Mundi
.................... PLOC..........................
.........PLOC...................PLOC.........
.PLOC......PLOC.....PLOC....PLOCPLOCPLOCPLOCPLOCPLOCPLOC
Trilobita
Uakti
Como pode um peixe vivo viver fora da água fria como pode um peixe vivo viver fora da água fria?como poderei viver? Como poderei viver sem a sua sem a sua sem a sua companhia sem a sua sem a sua sem a sua companhia.
¢¢¢¢%%!!@@#$%¨&¢¢¢£³³³³³££££²²²²¹¹¹¹
EEEEE AOOOOO EE AA AEIOU EEEE AOOOO EEIOUUUU UUUU UUUU
°
°
°
°
°
°
Cantar e cantar e cantar.
Cantemos.
Cantei.
Cante.
Cantem.
Cantei cantei.
Homo sapiens musicallis
A Música faz o Homem.
homem só é Homem com arte música teatro dança
Meu corpo é o meu principal instrumento.
Como é bom poder tocar um instrumento.
É preciso aprender a viver por si só.’Não quero mais ver através dos outros.’
Quero cantar e dançar e gritar e latir e sair por aí dando estrelas e cambalhotas e falando com crânios e chorando e berrando e
Ainda não sei se ele estava tocando violão ou se ele tinha sinos e cordas dentro do próprio corpo que soavam ao menor movimento.
Som é movimento.
Música é movimento.
Silêncio é movimento.
Barulho não é nada.
Só existe música a partir do momento em que eu digo que existe.
o Homem disse: Haja Música!E houve Música. TUDO é música
o Homem disse: Haja deus!E houve deus.
Então mataram deus.
Só não mataram a música.
PLOC
Tudo soava.
Afinal, o que soava?
Músicaaa serveee pra iiiisso.
IIIIIHA!

9.9.04

Sartre e a Metafísica da Patoeira

(e eu também devo ter colocado um pouco de Saramago aí)

Alguém, algum dia desses, falou que nunca atingiremos a perfeição. Fico - desde então, mas na verdade antes também - me perguntando o que exatamente é a perfeição. É quando tudo está bom? Quando nada está ruim? Estas duas últimas situações são sinônimas? Acontece que não pode ser isso: bom e ruim são conceitos relativos. Pra mim, é bom morder a Marina. Ela diz que dói. Sei lá, talvez seja frescura dela, mas que é relativo, isso é. Pelo menos aqui. O que me faz perguntar: então há um bem absoluto fora daqui? Bem, não. Um bem absoluto não faz sentido: seria algo sem mal, e portanto não poderia ser bem (o mel e o fel, voltando a uma de minhas citações vanilascaicas). Então perfeição é o quê? Entendamos que se perfeição depende do ponto-de-vista, não é perfeição. Mas se é absoluta, tem de ser em relação ao eterno, imutável - à essência? Que essência? Não a humana, pois a humana surgiu num tempo definido. A perfeição é a perfeição do que sempre houve, o físico, a energia. Da qual somos feitos. Então o que é a perfeição da energia? É a existência, conceito indissociável dela. Portanto, a perfeição é o existir. Só o que não é é imperfeito. É claro que nada não é. Eliminemos, pois, esse conceito.

Vocês já perceberam que eu tenho uma tendência niilogista? Mas também uma neologista...
Elimino conceitos e palavras inúteis e crio minhas próprias palavras e meus conceitos, que servem para minha existência.
Preciso criar um nome pra isso.

Esse blog foi abandonado. Não posso deixar de fazer uma analogia com nosso nome. O pato na ratoeira é um símbolo de desencaixe, de insatisfação, de negação daqueles joguinhos que todos jogávamos quando eramos piquiticos - aqueles em que há uma casa cujo telhado vermelho é uma pirâmide de base quadrada, e em cada face triangular há um buraquinho com uma forma diferente, no qual você deve colocar uma pecinha plástica. Ao mesmo tempo, é uma menção a uma armadilha, uma enganação, uma mentira no motivo desse mesmo encaixe. O rato que se encaixa na ratoeira o fez porque lhe enganaram. Ou Ele se enganou. A ratoeira impede qualquer movimento seu, mas não é seu fim natural (que também permitiria a imobilidade), é um grande dogma descoberto tarde demais. O pato não se encaixa, não se deixa enganar. O pato aceita a impossibilidade de seu encaixe em qualquer dispositivo armadílhico. O pato vive na mesma ratoeira que prende o rato, mas dela se projeta, voa por ela como nos desenhos do Walt Disney em que caçam os patinhos voadores. Nós três - namely, eu e marina e yuri - éramos esse pato ratoeirense. Aqui, mostrávamos nosso desencaixe, o nosso Ser e o Nada que dele vêm, principalmente esse Nada que nos faz humanos como poucos os que se vê no mundo. O pato na ratoeira era uma espécie rara, ameaçada de extinção pelos ratos. Que, presos, acreditam-se livres, e atacam os patos - que não poderiam estar na ratoeira (lugar por direito dos ratos) mas na patoeira. Não é por nada que os ratos são enganados pelo estômago.

- mamãe, mamãe, o artur disse que eu sou um rato; - chora não, titico, mamãe fala com a mamãe dele; - mamãe, mamãe, ele tava certo?; - ih, filho, aí tá a questão, o artur tá sempre certo.

- pô, eu sou melhor que esse artur, como ele é metido! ególatra! acha que tá sempre certo! devia ser um pouco mais humilde, aprender com sócrates. eu só sei que nada sei, né?

mas nem sabe o que não sabe.

Para quem não sabe, eu sou um romântico - aliás, um ultra-romântico. Mas tudo dentro de uma perspectiva pós-moderna, claro, não sou um desses ridículos neoromânticos. (Como você. Você representando a maioria das pessoas desse mundo.) Isso inclui o conceito de Fuga Da Realidade. Eu sou um fujão, mesmo. Cada vez mais. Em minhas idealizações, sonhos, devaneios, fantasias, cada vez menos aparecem coisas possíveis, Poemas Possíveis, o Amor Possível. Porque sou pessimista? Por que sou pessimista? Porque é impossível? Por que é impossível? Se já fugia para o futuro, fujo para um futuro cada vez mais distante. Fujo no espaço: inadmissibilito minha presença feliz nesse colégio. Fujo da lógica. Fujo do mundo. Blá blá blá blá. Só falo merda.
Penso se são contradizentes meus dois maiores dogmas/princípios/certezas/doutrinas. A de que o amor é uma mentira e a de que o amor deve ser nosso fim absoluto. Ab soluto: fora de solução, sem impurezas, sozinho, único, uno, total, maior, perfeito (antes de o adjetivo deixar de existir), divino. O amor é típico dos ratos, mas quando o pato o encontra, margarida-se.
Na voz de Cesaria Evora:

Dibaxo-di bo foguera
Bô cria nôs desse manera
Kbô saia prete kbô lincim
Bô mostrá nôs oké ke nôs
Oh mãe oh mãe oh mãe oh mãe
oh mãe velha oih
Mãe velha oih mãe velha
Tcham cantope esse cançao
Pa legrope bô coraçao
Mãe velha mostra nõs
Munde é fete pa vive
Tambem ele é fete pa morré
Pa ama e sofre
Munde é fete pa vivé
Munde é fete pa morre
Munde é fete pa ama
Tambem pa sofre