31.3.06

(por um instante me imagino conduzindo a mim mesmo por uma floresta escura, encontrando uma clareira e arrancando meu coração, que levo para você como prova de que a tarefa foi cumprida e você possui a maior das belezas do mundo - só por um instante... pronto, passou)

25.3.06

Essa gente que não se respeita

Respeite-se!
Não me venha com bobagens
insensatas, inconseqüentes, ridículas
Um homem ridículo! (Respeite-se!)
Ponha-se no teu lugar!
Faça o que te cabe,
Não corrompa,
Não infantilize,
Não romantize!
Não corrija o Português,
Não queira torná-lo propriedade sua.
Pare
Por bem
de apropriar-se
de privatizar
de dominar
de roubar
de satisfazer o teu grande ego ridículo
de trair
de conspirar
para satisfazer-se.
Pare de comprar, comprar, comprar
e se mostrar
Porque tudo que se pode ver em você
é má-fé
é incoerência.
Viva a tua vida, rapaz!
Deixe em paz meu coração
deixe em paz
deixe em paz!
Não tente passar imagens
Não fique mostrando o seu não ser
Seja, antes de definir-se.
Defina-se com cautela e humildade.
Por que os modismos?
Por que os simplismos?
Por que sempre o mais fácil, o pronto?!
Por que sempre o mais fácil, o pronto?
Pra que ser conhecido
a qualquer custo?
Pra que ser desejado?
Pra que suas chantagens?
Chantagista...
Pra que distorcer, por que hipérboles interesseiras?
Covarde...
Chega...
Não me venha com essa.
Por que a monarquia?
Por que a recusa da Política?
Por que a aceitação erótica da ideologia?
Alienado...
Ponha-se no teu lugar.
Necessidade de ter.
Necessidade de ostentar.
Ostentar? Reificar os amigos?
Reificar as pessoas.
Então a Humanidade é seu teatro de marionetes?
Você é o melhor ser.
A perfeição.
O modelo.
Romântico...
Vale a pena?
Ponha-se no seu lugar.
Não faça para ser visto.
Não aja para ser visto.
Não seja para ser visto.
(E que eu também consiga.)
Não me venha com isso.
Não me venha com terrorismo.
Respeite-se mais.
Respeite-me mais.
Respeite-os mais.

22.3.06

Chatice

Estão absolutamente corretos.
Chato.
Absurdamente chato.
Completamente chato.

Digam-me:
quando comecei a exalar minhas amarguras?


(E como resolvo isso?)

Como Canudos poderia coexistir?

20.3.06

Carta Imaginária

"Adeus.

Não se preocupem comigo; não me odeiem. Estou indo embora. Não me perdoem. Vou embora, me aquecer. Buscar o Mundo. E ser buscado.

Adeus,"

(Escreveria o nome de cada um.)

Canções de fundo

Acho que fiz meia música pra você
Aceita minha meia música
Desculpa a meu vexame
De fazer meia música pra você

Acho que fiz meio amor pra você
Aceita meu amor ao meio
Meu sonho de sedutor
De fazer meio amor com você

Acho que quero ser meio de você
Metade da metade
Da super-felicidade
Do meio que provoca o teu prazer

Acho que meio amigo seu eu vou ser
Aceita meia amizade
O resto é banalidade
Meio amigos é o que podemos ter

Música, amor
Amizade, felicidade
Prazer em conhecer
Música

De um Carlos Careqa

___


O seu amor
Ame-o e deixe-o
Livre para amar
Livre para amar
Livre para amar

O seu amor

Ame-o e deixe-o
Ir aonde quiser
Ir aonde quiser
Ir aonde quiser

O seu amor
Ame-o e deixe-o brincar
Ame-o e deixe-o correr
Ame-o e deixe-o cansar
Ame-o e deixe-o dormir em paz

O seu amor
Ame-o e deixe-o
Ser o que ele é
Ser o que ele é
Ser o que ele é

De um Gilberto Gil

19.3.06

Enquanto isso...

No SBT, o mais bonito mecânico do Brasil.
No Carrefour, uma lata de pó royal está sem a tampa.
No Metrô, um sujeito tropeça na escada.
No MuBE, um senhor dorme de boca aberta.
No Bom Retiro, alguém despe um manequim.
No prédio da frente, alguns livros caem no chão.
No Sol, átomos de hidrogênio se fundem.
No Ibirapuera, a corrida dominical termina.
No Anhangabaú, as luzes vermelhas voltam para casa.
No céu, um avião desconhecido.
No elevador, um cara senta e espera o seu andar.
No outro, os namorados olham um para a cara do outro.
Num quarto, uns amigos fazem música.
Na escola, os cachorros perseguem as ratazanas.
No esgoto, imaginações fétidas.
Na USP, fantasmas.
Na toca, a Lôba.
Nos pólos, a noite ou o dia.
No computador, bajulações.
Na sala dos professores, giz marrom.
Na lanchonete, um bigodudo pede a conta.
Na redação, um editor grita.
No estádio, um jogador se cansa.
Na arquibancada, um torcedor não fica feliz com o gol do seu time.
No escuro, quatro pernas se confundem.
No escuro, duas pernas solitárias.
Na rua, o motoqueiro faz barulho.
Na sarjeta, um desistente lembra do filho.
No centro da Galáxia, um buraco negro engole-se.
Na borda de outra Galáxia, surge vida.
Na pequena cidade, a moça repele o rapaz
Na cidadezinha, a moça planeja sua fuga.
Na Alemanha, um vírus infecta uma criança.
Na África do Sul, um rico se mata.
Na Amazônia, um boto cor-de-rosa.
No armário da donzela, tomara-que-caia.
No couro de um tambor, saudade do carnaval.
No pote de moedas, a nota de um dólar.
Na Móoca, alguém exala conspirações.
No intestino de um boi, gás metano.
No oceano, uma garrafa de vidro vem à tona.
No mar, golfinhos pescam.
No mar, microorganismos iluminam a água.
Na Índia, um corpo é cremado.
Na Itália, um violino perde a alma.
No Suriname, o garotinho perde os dedos.
Na Austrália, canta-se uma canção há muito esquecida.
No toca-fitas, Marisa Monte.
Na sombra, segurança.
No bêco assustador, sombras.
No ármario entreaberto, susto.
Na janela, vento.
No vento...

12.3.06

Serenidade

Nas noites de Domigo,
a Metrópole silencia
e a sua fragilidade
se sente, se cheira.

Eu cá por mim
em muito me assemelho
à frágil cidade:
Nas noites de domingo,
sozinho, comigo mesmo,
fico quieto e me percebo.

Depois de uma semana conhecendo pessoas novas, volto e te encontro

Tem razão, meu amor,
no mundo há seis bilhões de pessoas.
Mas isso nada significa
para quem quer apenas uma.

* * *

Só saiba que ainda passo o tempo todo pensando em você
e que gosto de você cada vez mais e mais e mais.

(E sigo acreditando que me amarás um dia.)

Caramba, como dói.

11.3.06

Insuportável

Insuportável.
Estou solto, estou só.

Vou fazer um instrumento.
Vou almoçar com minha vó.
Vou questionar meus prazeres.

Vou-me embora pra Pasárgada

Como ser feliz? Se o apodrecimento já é uterino?


Ser feliz em um circo de horrores
é ter pernas três, duas ou nenhuma,
e escapar com todas elas.
É ter cérebro, sangue ou ranho,
e amar os coxos, débeis e bobos.
É perceber o circo
e dinamitá-lo internamente.

Eu quero um minifúndio para cada família;

Eu quero um suporte.

Quero ser, pelo menos, suportável.
Quem me ajuda?

8.3.06

- Abençoado o dia da tua volta! Nossa casa agonizava, meu pai, mas agora se enche de novo de alegria!

5.3.06

("baixou os olhos, incurioso, lasso")

De que adianta
extravasar sentimento com um olhar
se você se recusa a colhê-lo?

4.3.06

Pregado na Porta

Senhores,

Encontro-me, no momento, indisposto a certas coisas. Nossas tão queridas atividades costumeiras deverão ocorrer sem mim durante algum tempo. Estou absorto em questões que considero ontologicamente fundamentais. Preciso apreender, construir, criar, compreender. Isso em vista, peço a sua licença para mudar meu tom, foco e abordagem pelos próximos dias. Peço também que não se incomodem com um eventual isolamento ou distanciamento e que se aproximem com o cuidado de respeitar minha posição. Aceito companhia.

Com muito amor,

Yuri

1.3.06

primeira ação de minha vida

(AVISO exclusivamente para VOCÊ – aliás, não era pra esse aviso existir, porque era pra eu ter falado isso pessoalmente hoje ou ontem, mas você não falou comigo [e vou falar disso mais pra frente] e tive que fazer aqui mesmo, rapidamente –: o que eu escreverei aqui serão muitas vezes coisas que eu não sei se tenho o direito de te contar, de te falar. Se quiser ler, fico contente. Se quiser ler e comentar, mais ainda. Se não quiser ler, entendo.)

e então eu te contei...
simplesmente – ou nem tanto, já que tinha passado o dia inteiro criando coragem para tal – te contei...



uff.


1) Você diz que eu sei o que você vai falar.

Sim, eu sei, mesmo... eu já esperava por isso há tempos e tempos... mas sempre há alguma esperança, não é?

Não, essa esperança não acabou. Não acaba enquanto eu estiver apaixonado por você. Mas é como se fosse um fiapo que ficou mais fino e frágil depois desse golpe...

2) Você diz que me admirava e que me admira mais pela minha coragem.

Não entendo, mesmo. Por que admirar quem eu era? Alguém sozinho, que não consegue dar rumo a sua própria vida, perdido totalmente na vida, que não sabe se relacionar direito com as outras pessoas, egocêntrico, antipático, anti-social.
Por que admirar minha “coragem”? Foi coragem que me fez te contar? Ou desespero? Ou simplesmente idiotice?

De qualquer modo, a admiração me parece um distanciamento... não é um “eu te quero” e nem mesmo um “gosto de você”... é tão longe...

3) Em Campinas eu conhecerei muita gente etc.

Acho que não quero mais ir pra Campinas.

Mas não quero ficar: quero ficar em uma São Paulo inexistente, uma São Paulo em que eu possa te ter (do jeito que for).

E você me dá um abraço.

O melhor momento da minha vida.

* * *

Assim como esse de que falo foi o dia mais difícil de minha vida.
E o dia mais importante de minha vida.

E como logo depois de te contar eu conheceria os piores momentos de minha vida.

* * *

Do meu caderno, escrito na viagem:

e se agora eu te quero mais?
...
Como pode?
e Como posso agüentar?
...
Como você pode me ver sofrer? chorar?
...
Evitando meu olhar...
...
No que você está pensando?
...
Admiração?=distância?
...
Sem você
...
Você sente pena? Está preocupado? Compaixão?
...
olha pra mim... preciso do seu carinho
...
Preciso de você...
...
Você poderia gostar de mim... por que não?
...
Amo te ver cantando fora do tempo, amo seu sorriso infantil...
...
Queria uma chance...
...
O que eu posso fazer? Como posso te conquistar?
...
Por quê?
...
Você não TEM de me magoar...
Você não me QUER.
...
Eu realmente acho que não mereço isso... e, sabe?, eu tenho certeza de que eu poderia ser feliz com você e te fazer feliz. Algum dia você vai encontrar alguém tão
hopelessly devoted to you quanto eu? De certa forma, duvido. E o filme “Aladim” tem uma certa sabedoria: não se pode fazer alguém se apaixonar por você. Será? Ele conquista Jasmim só com uma canção. Posso te fazer uma canção. O tal grito de guerra foi para você. Quantos poemas eu não te fiz? Será que isso não te comove nem um pouco? Ver alguém cuja vida toda é você? Alguém que sem você não é nada? Agora eu fiz tudo o que poderia fazer... (?) Mesmo que seja inútil, vou ter que continuar tentando e continuar te esperando... indefinidamente. Acho que com isso vou sofrer mais, mas não dá pra jogar fora o último fio de esperança que eu tenho na vida. Te contei e já não tenho mais onde me esconder, também não quero mais me esconder, sei que você me vê te olhando, chorando, morrendo por dentro. Você está cuidando de mim? Tenho muito a te falar, mas não sei se tenho direito de falar essas coisas. E se eu te implorar? Adiantará? [e eu quero, como eu quero!, te implorar...] Você vai sofrer se me ver caído aos meus pés, me humilhando? E se eu confessar que eu acho que você é minha última chance de dar certo, de ser feliz? E quando você acorda e eu estou ali, lutando contra minhas pálpebras para poder te ver só mais um pouquinho? Eu tenho o direito de fazer isso? Acho que nos assuntos do amor e da paixão não se pode falar em direito, certo, errado. Mas eu poderia te pedir outro abraço? E, depois desse, outro, e para sempre? Você me nega seu carinho conscientemente? Vejo você abraçando tantas outras pessoas e não sinto ciúme – sinto inveja: não quero que deixe de abraçá-las, não vejo nelas o problema. Só quero você, também. E beijar teu dedo não foi exatamente o que eu sempre sonhei, mas foi um bom primeiro beijo – infelizmente, você dormia. Queria poder te abraçar e beijar a qualquer hora. Agora, só sinto que estou próximo de você quando você dorme, à noite. Quanta lágrima. Agora começo a ouvir um cd sobre amor, que peguei em seu case. Vou sempre te amar por meio de objetos? Um bicho, um cd, suas roupas, seu colchão? Um plástico de tampinha de refrigerante? Patético, admito. Você vê isso? Você vê que você me deixa idiota e babaca? E você diz que me admira (e disse que me admirava antes até de ter a tal da coragem – ou estupidez? – pra te contar)... você é cego, por acaso? Como admirar alguém tão baixo, sem sentido, perdido, imóvel, impossível? Mas você bem que poderia me amar...
...
Vou continuar chorando por você. Gritando seu nome até naufragar.

* * *

De fato acho que é isso que me resta. Continuar te querendo, mesmo que à distância. Cada vez mais, e mais, e mais...

São tantas as coisas que eu não tenho direito de falar pra você. Outra delas: Que eu ficaria em São Paulo por você, desistiria da faculdade. Com certeza.

* * *

Ainda outra: ao te contar, realizei a primeira verdadeira ação de minha vida. Mas parece tanto ser a última... fiz TUDO o que podia fazer, acho (pois ainda não consigo saber COMO te conquistar). Agora estou paralizado. Como que morto sem lembrar de, de fato, morrer. Sem liberdade, sem ação, sem escolha. À mercê do acaso puro. Não tenho nem mais a possibilidade de me matar (não interessa o por quê, é uma longa história, importa que não tenho e pronto). Isso não é estar vivo.

Pra onde vai minha vida?

Acho que serei sempre infeliz...

Ainda te vejo como a última pessoa que poderia me salvar. Como se o mar me arrastasse cada vez mais pro fundo, e agora estou tão longe... só você ainda pode ouvir minha voz desesperada. Mas você não quer vir aqui me buscar. Por isso não posso desistir de você, porque disso depende minha vida. Continuarei apaixonado por você até naufragar.

* * *

Agora me sinto idiota.

Sabe, você me tratou muito bem durante todos esses dias, e antes também.

Mas hoje...

Ontem pedi pra falar com você. Você pediu pra que fosse depois. Tudo bem, entendo. Mas então você foi dormir.
E hoje você não veio falar comigo. Até o fim.

A palavra que vem à cabeça é: idiota.

Me sinto idiota por ter acreditado que você realmente viria falar comigo.
Tenho uma vontadezinha de te chamar de idiota, também. Perdão.

E não sei se estou com raiva de mim ou de você...

* * *

No fim, continuarão...
Os poemas, quem sabe.
As tristezas, certamente.
As alegrias, espero.

Te quero, te adoro. Você é o máximo.
Te espero.

Chegaram as Cinzas e Qual é o Certo, João?

Talvez eu nunca chegue a saber o porquê das cinzas.
Talvez eu não as sinta, se não quiser.

e

As coisas não vão bem, João. Qual é o certo?
Eu ou você?
Você ou eu?