29.6.06

Desafio

Fui desafiado a escrever seis hábitos estranhos que eu tenho.

1) Escrevo posts em O Pato Está Na Ratoeira. Eles muitas vezes comprometem a noção de decência. Por causa deles sou visto como idiota, vulgar, anti-capitalista, folgado, tarado, louco, medroso, pessimista, cego, solitário, triste, violento, viajado, dopado, bêbado, bissexual, comunista, sonhador, criança, velhaco, orgulhoso, egocêntrico, estranho, esquisito.

2)Quando ando na rua gosto de cumprimentar as pessoas que não conheço; falar frases aleatórias (ou cantá-las) aos passantes; andar de formas estranhas, de modo que as pessoas que me vêem (eu escolho quando andar estranhamente) percebam que tem algo muito errado.

3)Preencher um grande papel craft onde há o contorno do meu corpo de qualquer coisa que me dê vontade.

4)Mostro a língua para as câmeras de segurança dessas casas enormes com muros maiores ainda.

5)Toco violino. E vejo sentido de existência na Música.

6)Sempre que possível, sento num banco de praça ou não, cruzo as pernas, abro os braços e fico observando as pessoas que passam, conhecidas ou não.


Repasso o desafio (como quem me desafiou mandou-me fazer) para as garotas do blog A Latrina.

27.6.06

A Ratoeira do Pato fica em Franca



Daqui: http://www.comerciodafranca.com.br/capas/951151388807.jpg

"Uma cidade paralisada. Foi assim que Franca ficou, pelo menos por alguns minutos, no começo da tarde de ontem, o dia em que o céu da cidade sangrou. Para quem acredita em sinais, o vermelho sombrio que tomou conta do céu francano ontem, por volta das 13 horas, certamente causou arrepios. O dia virou noite e assustou. O final de semana que precedeu essa segunda-feira já anunciava, para os mais sensíveis, que muita coisa estava fora do lugar. Uma seqüência de ocorrências escabrosas manchou o sábado e o domingo. Um desocupado, num dia de fúria, cometeu quatro roubos em menos de três horas e estuprou uma mulher; uma lavadora colocou fogo à própria casa e um sucateiro está entre a vida e a morte depois de atear fogo ao próprio corpo. Uma dona de casa ouviu gritos na festa onde estava o filho e saiu para conferir. Foi atropelada e morreu na hora. Coincidência?"

26.6.06

Gargalhada

RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ RÁ!
Puta que o pariu, viu...
Rá!

E boa noite.
Há menos peixinhos a nadar no mar
do que os beijinhos que eu darei na sua boca


A vontade de rir às vezes vem nos momentos menos oportunos. Mas, convenhamos, é tudo tão patético...

Se todos aceitássemos nossa panaquice e ríssemos dela - subvertendo-a, então, - o mundo seria muito melhor.

E salvem a música brega.

25.6.06

Entre Irmãos

"Às vezes eu olho pra você e tenho dó."
Ué! Por quê?
"Não sei."
Mas por quê?
"Quando eu olho assim, você tem cara de sozinho."

Sorriso e cafuné.

24.6.06

Texto (talvez) um pouco mais bem-humorado que o normal

Por exemplo, agorinha mesmo, não faz dez minutos, eu estava andando em direção à cozinha, despretensiosa e calmamente, quando escorreguei e bati a cabeça na parede. Estava de meia no mais que liso chão da sala. Engraçado, acho mesmo – doloroso, mas engraçado.
Talvez alguém de fora assista a minha vida e diga o mesmo...

23.6.06

Comemorações

dezoito anos de vida, de infelicidade, de falta de sentido, de vazio

cinco anos de solidão, de tormento, de dor, cinco anos sem descanso

treze meses de obsessão, de querer, de impossibilidade, de contemplação

dez meses de paixão, de queimação, de ausência, de desespero

quatro meses de morte, de escuridão, de distância, de não


parabéns pra você...

14.6.06

Retiro

Quero compartilhar solidão.
Alguém que acompanhe e viva comigo. Quero o amigo com quem fico em silêncio, compreendendo a vida.
Compartilhar solidão, entende? A solidão admirativa e construtiva. Preciso de alguém ao meu lado.
Para que eu possa conversar em silêncio, e juntos percebermos o que há e o que é.

Pode ser um gato.

Ou um daqueles amigos que encontramos por aí, afastados das multidões.
Um amigo que fale pouco mas que se comunique de fato. Triangularmente: Eu, ele o mundo.
Talvez ela.

Uma questão de entrega absoluta e amabilidade. Os indivíduos em grupo.
Entregar-se, apoiar. Com as costas e os olhos.
Não atirar-se, isso não é troca, ou existência. É um livrar-se de si mesmo. Deus nos livre.

Quero uma convivência sem pudores ou receios. Sem máscaras. Não deve ser feio chorar.
A tristeza deve ser recebida com serenidade e cordialidade.
Uma companhia religiosa.
Alguém com quem eu possa repartir o sabor da comida e o cheiro do mar.
Alguém que aceite a Música, a Dança, a Arte.
E que me proponha desafios.
E que não nos deixemos sentir culpa.

Não quero ser reprimido por vontades.
Que eu possa correr, pular, transar, cantar e gritar.
Que me ajude a colocar as vontades de matar e destruir em seus devidos lugares. Mas nunca reprimindo-as!

Talvez uma garota, poeta, argentina, uruguaia, por que não?
Um moleque que goste de videogames.

Então vamos jogar futebol.
E brincar de circo.

Quero um amigo que me segure e me coloque no colo.
Que faça yoga comigo.
Uma garota que me abrace e me olhe com ternura. Que se deite no meu colo e aceite um cafuné. Que me conte sobre os garotos que ela ama. E que pergunte sobre os meus amores.

Não precisamos gostar, fazer ou sentir as mesmas coisas.
Que apenas queiramos nos acompanhar.
E amar, juntos.
Tudo, absolutamente.
Religiosamente.

(E , quando conseguirmos existir de verdade, procuraremos mais companheiros.)

Dividir o pão, amar. Esta será a liberdade: seremos. O próprio mundo.

(Vamos nos encontrar pora aí, por acaso.)

Você: me acompanha?

12.6.06

Nossa namorada, a Invenção

Amar, entregar, beijar, sorver, beber, comer, transar, cheirar, fungar, lamber, abraçar, querer, coisar, roçar, encontrar, procurar, falar, morder, beliscar, brigar, aproveitar, provar, gritar, berrar, ouvir, fatiar, bater, enfiar, foder, esmagar, rir, gozar, fumar, tomar, lavar, cuidar, preparar, acariciar, apanhar, arrancar, odiar, chorar, desistir, explodir, catar, pisar, sofrer, crer, destruir, retribuir, receber, respeitar, fortalecer, chiar, libertar, voar, criar.

Nós e nossa namorada, a Invenção.

5.6.06

Propagandas

O Dia dos Namorados é absolutamente insuportável.
Alguém avise que não estou interessado no banco que tem o mesmo número de estrelas da seleção.
Saudade de mim? Saudade do Bom Bril? Vai te catar!

3.6.06

O Homem Que Se Perdeu (Poema Culinário)

Mas faltava queijo.

E o homem se perdeu.
Sumiu a confiança
Sumiu a fortaleza
Ficou feito criança
Apoiado sobre a mesa

Não importava a calabresa
Não importava a malagueta
Não importava nem a massa:
Aonde fôra toda a graça?

Abandonou a cara no prato
(até o molho estava magro)
Renunciou o patriarcado
Recusou o pernil dourado

Levantou-se horrorizado
Grunhiu, gemeu, aquietou-se
Teve medo do guardanapo
Marcado com vinho doce

A fartura era toda falsa
Não reconhecia a própria casa
Não encontrou na parede
O sabor do capelete

Tentou orar mas não podia
Nada mais tinha sentido:
Mesmo se não fôsse a comida fria,
Sentia tudo descabido

A família tão insossa!
Era incompreensível a sua sina
Nem os filhos nem espôsa
Inspiravam calma vespertina

Faltava queijo.
Aquela refeição fôra perdida.

Queria o queijo de volta.
Quem sabe um outro dia?...