26.2.07

pra falar um pouco sobre muitas coisas

Estou falando do meu quarto. É tarde, e no meu colo está o laptop que minha mãe usa para trabalhar. Eu o peguei para me certificar do que eu devo fazer amanhã quando chegar em Barão, onde será a reunião com a minha turma.

Estou falando do meu quarto, algo que nunca aconteceu antes. Será que isso faz alguma diferença no que eu escrevo? Estarei sendo mais sincero ou mais aberto? O ar do espaço em que vivi toda minha vida afeta de algum modo o que você agora está lendo?

Então amanhã eu volto pra Campinas, e quem sabe como será isso? Ano passado ir para Campinas era um inferno. Tese. Durante as férias, comecei a querer voltar pra lá e até mesmo não ver a hora de entrar no ônibus. Antítese. Agora, não sei o que vai ser. A ânsia por voltar passou, a angústia de não poder ficar não retornou. Síntese? Uma grande confusão, como toda síntese. Hoje pensei que os existencialistas crentes têm de ser um pouco hegelianos, mas isso não importa porque eu não vou saber explicar, vocês não vão saber entender e provavelmente qualquer pessoa minimamente iniciada na história da filosofia vai saber que eu estou pensando/falando bobagem. E principalmente não importa porque não importa, eu estava falando de Barão Geraldo e não de metafísica contemporânea.

E o Bornheim diz que a esquizofrenia é a doença mais metafísica... acho que hoje entendi porque eu passei toda minha adolescência esperando o momento em que eu finalmente ficaria esquizofrênico. Eu tenho medo da loucura mas também a desejo, e a desejo por dois motivos. Primeiro porque, se alguns loucos podem estar convictos de que são Napoleão (ou Mao Tse-Tung), não poderia eu me convencer de que sou feliz? Segundo, porque parece bonito, do mesmo modo que nossa geração vê beleza na depressão - não só somos românticos, mas somos românticos esnobes, e eu mais do que todos. (E eu adoro esse modo como admitir sua arrogância faz você parecer, e talvez até ser, menos arrogante...)

Hoje assisti Noivo Neurótico, Noiva Nervosa. Ainda não me decidi sobre como devo chamar esse filme: o título original (Annie Hall) é tão melhor que já aparece até no dvd como substituto pra tradução original, mas usar títulos originais pra coisas que têm títulos traduzidos é coisa de gente metida a besta ("metida a besta" tem acento grave no a?) como certos conhecidos meus que não deverão ser mencionados, mas que me irritaram muito recentemente (muito nobre da minha parte, não acha?). Enfim, o filme é simplesmente genial e eu me identifico muito, muito mesmo com o Woody Allen. O que vocês acham disso, há alguma semelhança? Cara de um, focinho de outro (que expressão engraçada... pense nela: cara, focinho...). Enfim, no começo ele conta uma piada: Tinham duas senhoras comendo num restaurante, e uma delas fala: "meu deus, como a comida aqui é ruim!", ao que a outra responde: "eu sei! E vem em porções tão pequenas!". Então o Woody (ou seu personagem, Alvy) diz que com a existência é assim também... eu realmente me identifico com ele, mas sou maior...

Também assisti A Lista de Schindler, e toda vez que o assunto Holocausto aparece eu entro numa mini crise de identidade. Afinal, eu sou ou não judeu? Sempre no limite entre identificação e diferença. Fui judeu o suficiente para aguarem-me os olhos, mas não pude chorar porque não era judeu o suficiente. Isso sou eu ou são os judeus do século XXI? E de fato Adorno estava certo... (mas Sartre também falou isso, e eu gosto mais dele, então Sartre é quem estava certo.)

Também assisti Os Infiltrados, mas esse não me ocasionou meditações filosóficas. É divertido.

Meu motivo para estar angustiado com minha volta a Campinas é o mesmo motivo de querer voltar, e decorre diretamente do fato de eu ser um idiota. Eu vivo imaginando futuros para mim, e sou estúpido o suficiente para acreditar neles, mas sábio o suficiente para saber que eles não vão acontecer (sabem, eu cheguei já a acreditar que eu vivo infeliz porque Deus ou o Universo não pode deixar que nada do que eu já imaginei se realize, só para me surpreender, e fiquei tentando - sem conseguir - não pensar mais no futuro). Mas algo tem que acontecer, já tá me dando nos nervos isso! Já imaginou, calmaria o ano todo, como foram os últimos cinco e meio? Não quebrei nenhum espelho!

Por falar nisso, vou falar um pouco sobre minha pretensa atividade literária. Sabem, eu sempre quis escrever e ainda quero, mas não sei se consigo (antes tinha certeza de que ainda seria um Prêmio Nobel...). Hoje tentei escrever algo semi-autobiográfico sobre sete anos de azar e espelhos, e percebi que era simplesmente muito chato. Eu ia escrever sobre um sanatório para pessoas infelizes, seria uma daquelas histórias de futuro-terrível-e-totalitário, ia ser uma peça, mas não consegui continuar. Eu gosto de como eu escrevo, mas não gosto DO QUE eu escrevo (e que angustiante pensar que para a maioria dos escritores medíocres como eu o que ocorre é o contrário!). Como com aquele romance que permanece inacabado: a história era uma merda, mas eu gosto do que eu estava fazendo com ela. E aí?

Acho que vou manifestar um pouco minhas frustrações com este blog. Primeiro: afinal, de quem ele é? Só eu e o Yuri escrevemos aqui, e o fazemos totalmente separadamente, como se fossem dois blogs, e francamente eu desprezo tanto o que ele escreve (seja por bom gosto ou por arrogância, sei lá) que imagino que só eu tenho o direito de escrever aqui. Mentira, penso que a Mali também tem, mas não sei se ainda pensaria isso se ela de fato escrevesse. Enfim, eu sou uma pessoa horrível.
Segundo: ninguém comenta, e quando comenta, comenta mal. Parece que postar é inútil. Uma exceção poderia ser feita a alguns comentários recentes do Joel, mas que também não foram pra frente. Pra que eu escrevo aqui se na nossa vida de verdade é como se não tivesse escrito? Sim, isso é uma indireta pra tentar forçar você, que agora lê isso, a se sentir culpado e comentar. Funcionou?
Terceiro: parece que ele parou no tempo... eu devia mudar um pouco o template, só pra arejar...

Estou falando do meu quarto, e minhas costas doem, e meu pescoço dói, e tudo dói sempre, eu já não me lembro como era quando meu corpo não doía, eu esperava dores dessa faculdade mas não tantas, e não melhoram nunca, eu virei uma grande dor, um nó gigante que ninguém nunca vai conseguir desfazer...

Será que eu vou ser um ator? Quero fazer faculdade de filosofia, e cada dia mais quero fazer letras também. Ou só letras. Será? Serei ator? Vai ser possível fazer tudo? Ou vou ter que escolher? O que eu vou escolher?

Ei, vamos fazer um bolão: de quantas coisas que eu escrevi aqui eu vou me arrepender? Podemos fazer à moda de Barão (quem ganhar ganha selinhos de todos os outros competidores) ou à moda de São Paulo (quem ganhar ganha um gato de cada um dos outros competidores).

Acho que já chega. Merry Christmas to all, and to all a good night.

P.S.: só pra me gabar - eu li um livro de filosofia em francês! Eu sou melhor que você! (já que todos me acham arrogante, vou ser arrogante.)

25.2.07

Sete anos de azar é bastante coisa... sim, acho que eu me contento com cinco e meio. Fechado?

17.2.07

Lembra como é se apaixonar?

Maria-fumaça não canta mais
Para moças, flores, janelas e quintais

14.2.07

hoje no norte é dia dos namorados, e aparentemente isso é motivo pro google esquecer o 'l' do próprio nome.

10.2.07

Por favor, simplifiquem.

Não quero nem agüento mais complicações.

8.2.07

Há três meios de conseguir o que realmente queremos: o sonho, a loucura, a morte.
Alguém me explica, afinal - o que é isso? Meu corpo ou minha alma? Beleza ou perdição?
Eu tenho salvação?

6.2.07

e agora, que que é pra eu fazer?

1.2.07

Meu corpo de 1,80m e sessenta e tantos quilos
Já não cresce
Nele acumulam-se cicatrizes, manchas, marcas e dores.

Meu corpo enche-se de vazios.
Sou eu também em meus vazios.

(Meu corpo dolorido nunca foi tão nitidamente eu-próprio.)