12.8.04

A essencial e filosófica relação entre o Mundo das Idéias e o Doce de Leite

Uma circunferência é o lugar geométrico dos pontos eqüidistantes de um ponto fixo no plano.

O plano é sempre rosa. Pelo menos o primeiro plano. Imagine um plano. Assim, que corte sua cabeça em dois. Ele é rosa e passa pelo seu cérebro, recebe as correntes elétricas neurônicas, mas nem percebe porque não existe.
O que é existir? O que é pensar? Existir não é nada, simplesmente porque não existir não é nada. O que é não existir? Porcaria nenhuma, você sabe. Tudo não existe, exceto pelo que existe. Então, só existe o que existe. Se só existe o existir, então não se precisa de uma palavra só pra isso, caramba. Então eu não existo. A partir de agora, nada existe. A partir de agora:
Tudo. Assim, sem predicado. Não precisa. Tudo tudo, se tudifica, dispensa o verbo. Afinal, tudo. Nada. Ou: Nada
sem ponto final.
x^2. Quadradifiquemos o chís. Ah, todo ele, todo, se fôr! écs. uái. uái? Todo. ól.


Uma esfera é o lugar geométrico dos pontos eqüidistantes de um ponto fixo no espaço.

Platão achava a esfera algo perfeito. A esfera não é rosa, duh. Nem o espaço. O espaço nos sustenta, concretamente, dane-se o protocolo marrìesco. Quem já voou num sonho sabe. Tudo. Sabe que não voou. Nadou. Nah, tudo. Nada Nadar não representa direito. Dansou pulou pululou ululou. Voar no sonho é ser sustentado pela substância espaço. Concretamente. Sonhos são concretos, maçã bem grande e vermelha no céu. Gatos sonhificam a realidade ou realificam o sonho, gato gato gato, bichano!, Tudo.
x^3. um beijo. Beijo. Beijo? Bêi-jô, Bêy-jio. O lábio é a janela da alma. a porta a sacada a varanda. Droga, esqueci o shift. O lábio é uma vala em forma de U, e flui, flui uma água quente sob uma ponte vermelha, flui o ar róseo, dos meus lábios flui um líquido incorpóreo, parte um pouco acima do meu coração, acima!, não vem dele, vem do pulmão, em cima, mais, duma parte do meu côrpo que eu acho que não tem nada. Flui, jorra, escorre pelo meu queixo e se junta às lágrimas que esguisçham de meus olhos arrancados, desce pelo meu pescoço só, pelo meu peito triste, pela minha barriga moribunda, pelo meu umbigo nostáugico, pelo meu sexo morto, pelas minhas coxas burras, pela minha batata da perna tubèrcúlea, pela minha canela da índia, pelos meus pés melancólicos -- não não, não pelos meus dedos do pé. Cái no chão e nem o solo quer absorver meu líquido. Lábios e Lágrimas. Longe, lá longe, libélula, lambida, lírio, lava, luz, l.....e.......n.........t.........a...........m................e...................n......................t..........................e...
Algum inglês etiquetoso assina uma lei e diz que eu não posso inundar assim o Mundo, que as outras pessoas tem o direito de não se afundar no meu líquido doloroso. Engulo tudo de novo. Sempre engulo. Não me deixam chorar, não me deixam cuspir, não me deixam suar, não me deixam mijar, não me deixam defecar, não me deixam líquido. Meu interior água viva. Queima.


Uma existência idiota é o lugar geométrico dos pontos eqüidistantes de um ponto fixo no tempo.

O tempo não é rosa ou prateado. Não é geométrico - aliás, nem o é o espaço. O tempo é presente.
Não quero falar disso. Não quero escrever mais uns parágrafos seguindo o padrão de antes, começando um novo assunto, etc. Quero falar dos lábios, das lágrimas, dos lírios, do mijo. Quero! E já quase choro escrevendo isso, e não posso, as luzes estão acesas, elas que começam com L mas ainda assim se revoltam contra mim. Quero vomitar, mijar nas minhas calças - de preferência as jeans, quero cuspir no chão, suar no céu, torcer-me como uma roupa até secar, me dependurar num varal. Mas alguém esfaqueia meu peito, e deixa a faca lá pra não sangrar. Eu vivo com essa faca no peito. Você fala comigo, me abraça, me morde, e essa faca está no meu peito. Nunca saiu de lá. Amanhã talvez você me veja. Provavelmente. Com certeza. E antes que haja confusão, você não é ninguém determinado, você é você, e você sabe quem você é, ou é impossível saber, mas você entendeu, é só Você, mas serve pra outros vocês que obrigatòriamente são você também. Amanhã você ver-me-á. Talvez não tenha lido isso. Mas se tiver, quando tiver, olhe pra mim vendo essa faca. Veja o sangue que só quer poder sangrar por baixo dela. Veja nos meus olhos o muro que segura meu sal. Veja nos meus lábios o clima seco e frio que não deixa meu corpo inundar a Terra! Ninguém o bebe!

Um poema que eu fiz no ano passado para a escola:

o sOl,
o
m..a..r
- I -
Se o Sol ilumina
Mas faz também queimar,
A luz de vossos olhos
Faz o astro minguar.
De ouro e fogo és lume em
Negro crepuscular.
Mas se - tão generoso -
Doze horas clarear,
Eu morro por mais doze:
Me afogo em negro amar.
De prata e gelo és coita em
Sempre sozinho mar.
E quando encontra as águas
Do dia o limiar
Mais triste é o peito meu
Sem se cicatrizar. (mesmo que o corretor tenha riscado meu "se")
De sangue e sal é o rio
Que em ti quer desaguar.
E continua, continua.
- II -
Quando o sangue em sangue
Por fim desaguar,
E mão fria a quente
Por fim abraçar,
Vosso corpo fluido
(Meu rosado mar!),
Finalmente a ele
Vou bebericar.
Quando a água encontra
Do Sol o baixar,
Noite e dia em Uma
- a Aurora - mesclar,
Vossa quente face
(Pura luz solar!)
Finalmente a ela
Poderei tocar.
E continua, continua.

- III -

Afasto esse Sol de fogo, ser ígneo,
Porque Sol és tu de mujito mais luz.
E o calor é incompleto desígnio,
Força que se para a carne traduz. (mesmo que o corretor tenha mudado meu "se" de lugar)

Afasta-te, mar de sal e fri'água
Porque mar és tu que não faz molhar.
E o sal é de lágrimas, minha mágoa,
Gosto que por curto tempo tem lar.

Mas não se engane, não deves pensar
Que é para trazer a nós um tormento
Que isso eu digo, que é sem o meu amar.

Pois quente é o frio, sim é não, rir chorar.
Por fim verás que tal afastamento
Só nos vai mais e mais aproximar.


E continua, continua
por estrofes (mais de mil, milhão, bilhão!)
Dele(a) arranco ritmo,
" " rimas:
No amor não há ordem que não aquela desordem tão harmônica que só podem entender-lhe os loucos.
No ódio


Tempo em que eu não sabia. Tempo em que o amor podia acontecer. Agora, velhice. Tudo. ól.
Queima. Ninguém o bebe.

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