Canis a non canendo...
"Chamam-se cães porque não cantam."
O Latido
Os cães têm uma forma sublime de comunicação. Seus olhares, seus cheiros. Sua intuição. Acima de tudo, eles latem. Quer grito mais completo que o latido como um tiro de um cão reconhecendo sua terra? O latido é um eco de todos os tempos, que expulsa pela boca o significado de toda uma alma. Ele não tem palavras, não tem sutilezas: é simples e direto, pois não usa símbolos. O latido é o canto primitivo da alma canina, o urro primordial do animal em plena vida. Talvez, por não ser tão belo, tão lírico quanto um uivo, o grito é deixado em segundo plano pelos poetas e outros idiotas (ou não).
O latido é o intrínseco, o punho gutural, o instintivo. Não se pode finjir um latido: ou você late, ou cala. Ou você berra, ou sibila. O berro. O berro é a versão humanizada do urro, do latido. Menos súbito, menos violento, mais prolongado, contido, afinado. Ainda assim o berro é sem palavras, apenas sons que se atropelam palo ar que cortam surpreendendo quem receber a mensagem. Tudo muito claro, muito certo.
O latido é a extirpação do mêdo, do receio, da formalidade, da etiqueta. O latido é a libertação. Jogar para fora todos os sentimentos de uma só vez. Não apenas se ouve o latido, mas s'o sente. Sente-se o grito canino pelas coisas que ele arremessa e atira em todas as direções. O latido é um tiro, oco, feroz, cego e certeiro. Todos os alvos são alvos para o latido de um cão.
Um cão não canta? Ele uiva. Uivemos, disse o cão. O canto dos cães é o uivo. Primitivo, mas lírico, cantado em verso e prosa milhares, milhões de vezes. O latido não. Mas o cão late. O uivo é a expressão mais nobre da alma deste ser que é o cão. Mas o latido é a mais nua, a mais vera. É a própria alma. O latido.
O Latido
Os cães têm uma forma sublime de comunicação. Seus olhares, seus cheiros. Sua intuição. Acima de tudo, eles latem. Quer grito mais completo que o latido como um tiro de um cão reconhecendo sua terra? O latido é um eco de todos os tempos, que expulsa pela boca o significado de toda uma alma. Ele não tem palavras, não tem sutilezas: é simples e direto, pois não usa símbolos. O latido é o canto primitivo da alma canina, o urro primordial do animal em plena vida. Talvez, por não ser tão belo, tão lírico quanto um uivo, o grito é deixado em segundo plano pelos poetas e outros idiotas (ou não).
O latido é o intrínseco, o punho gutural, o instintivo. Não se pode finjir um latido: ou você late, ou cala. Ou você berra, ou sibila. O berro. O berro é a versão humanizada do urro, do latido. Menos súbito, menos violento, mais prolongado, contido, afinado. Ainda assim o berro é sem palavras, apenas sons que se atropelam palo ar que cortam surpreendendo quem receber a mensagem. Tudo muito claro, muito certo.
O latido é a extirpação do mêdo, do receio, da formalidade, da etiqueta. O latido é a libertação. Jogar para fora todos os sentimentos de uma só vez. Não apenas se ouve o latido, mas s'o sente. Sente-se o grito canino pelas coisas que ele arremessa e atira em todas as direções. O latido é um tiro, oco, feroz, cego e certeiro. Todos os alvos são alvos para o latido de um cão.
Um cão não canta? Ele uiva. Uivemos, disse o cão. O canto dos cães é o uivo. Primitivo, mas lírico, cantado em verso e prosa milhares, milhões de vezes. O latido não. Mas o cão late. O uivo é a expressão mais nobre da alma deste ser que é o cão. Mas o latido é a mais nua, a mais vera. É a própria alma. O latido.
1 Comentários:
"Latamos, disse o cão."
ou
"Latamos, disse Marina."
e "latamos" não existe. Eu podia usar "ladremos", mas também não existe.
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