21.7.06

Um demônio que habita minha porta
ou
Poema aos onze meses de paixão

Alguma forma de decência me diz
Que eu não devia escrever assim
Com lágrimas correndo a face...

Pra escrever talvez eu devesse
Esperar um momento de calma
Para haver verdade e solidez...

Alguma forma de decência me diria para não voltar atrás
Para não ir em busca daqueles momentos que, eu sei,
Me farão chorar todas as vezes que eu visitá-los...

Há tempos não escrevo poemas pra você

Mas há pessoas que dizem que a vida é um poema,
E, se for...

Você não me vê,
Mas eu vivo pra você todos os dias...

Você me falou para escolher a felicidade que eu posso alcançar
Mas o que eu alcanço vira sangue quando você não está aqui...

E você nunca mais esteve aqui...

As pessoas me dizem: coma e beba,
Alegre-se pelo que tem.
As pessoas me mandam viver...

Mas às vezes não se pode seguir adiante
Sem terminar o que se começou lá atrás.

Qual é o valor de uma vida vivida sem gosto?

Algum tipo de decência me impede de dizer que eu te amo
Porque me parece que o amor não poderia ser infeliz
Porque nele reside minha última esperança...
Mas você não percebe que ele é você?

Algum espírito de decência sorri pra mim cada vez que
[eu saio de casa
Eu olho pra ele com pesar e fraqueza
E peço por favor – não...

O nascer do Sol jamais terá beleza novamente
[enquanto não for visto emoldurado por seu rosto adormecido.

21/07/06

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