13.1.06

Civilidade

e se também te quero sem roupas?
Quero-te ao meu lado rindo
E quero-te em minha mente como certeza
Quero-te e a tuas mãos tímidas
E quero conversar contigo por horas
Quero poder olhar para seus olhos sem temer que me percebas
E quero poder olhar para seus olhos sem, ridículo, enrubescer
Quero passear contigo civilizadamente pela cidade
E quero telefonar para teu colo toda noite
Quero ir a uma festa com você
E quero que sejamos um casal bonito...

Quero-te também incivilizadamente.
E até parece que querer-te incivilizadamente
é se também te quero sem roupas
Mas me proíbem de te amar
E de te ter ao meu lado rindo
E de te ter em minha mente como certeza
E de te ter e às tuas mãos tímidas
E de te ter conversando comigo por horas
E de te ter e aos teus olhos sob meus olhos destemidos
E de te ter e aos teus olhos enrubescidos de amor e só
E de te ter comigo passeando pela cidade
E de te ter e ao teu colo ao telefone
E de te ter numa festa comigo
E de te ter ao meu lado e pronto.

Incivilizado todo o meu desejo
Meu querer é um defunto profano
E te querer é uma selvageria

E eu selvagem, mantido em grades
Numa cela à prova de som
Grito por ti

Tu me assistes no zoológico
Ris de minhas tentativas vãs de te agarrar
E de te estraçalhar selvagemmente pra te provar que te amo.

(Selvageria: mínimo de beleza, máximo de expressividade,
E eu me reconheço o poeta da selvageria.)

13/01/06

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