Poema inútil de título tautológico
ou
Vida inútil de título enganoso
1.
É a luta mais vã
A cada manhã:
Lutar com palavras,
Lutar com afã;
Do modo que for,
Lutar, afinal,
Da luta do autor
À do agressor,
Lutar, como for,
Lutar, como for.
Lutar, por que não?,
Lutar pelo amor,
Igualmente vão:
Lutamos, então,
Com dores na mão,
Com tola paixão,
Em cega prisão,
Em prostituição,
Em só solidão,
O eterno refrão
Da masturbação.
Lutamos sem crer
Naquilo que é óbvio:
Que vamos morrer
Sem nunca colher
Sem nunca colher
Sem nunca colher.
Assim, lutaremos,
Ainda e pra sempre,
Em vão lutaremos
À sós lutaremos
Enfim lutaremos
Vivos lutaremos
Sem nunca viver.
2.
O que pode fazer o poeta
Ao saber que a verdade mais certa
É sua impotência e hipocrisia?
O poeta que faz poesia
Denunciando que é hipocrisia
Fazer o que faz e lutar?
Aquele que escreve uns versos maus
Que ele próprio confirma, afinal,
Serem inúteis serem estéreis?
Que pode o hipócrita fazer quando
Descobriu que todo seu encanto
É justamente a falsidade?
Quando, elogiando toda inação,
Porque sempre lhe respondem não,
Está lutando, como for.
3.
É vã a luta por ti.
Igualmente vã a dor.
É vão, assim, meu amor.
E é vão, tão vão, se te vi.
Inútil estar aqui.
Inútil gritar por algo.
É vão implorar por algo.
E é vão, tão vão, se te vi.
A dor é vã igualmente.
Não há verso que acalente.
Nada de útil já li.
E é vão, tão vão, se te vi.
Gritar por algo é sem uso.
O esforço por ti obtuso.
Algo Absoluto se ri.
E é vão, tão vão, se te vi.
4.
Mas sei que, tão vão, te vi.
Sei que, só isso: te vi.
Que envergonhado te vi.
Dane-se o resto: te vi.
De um jeito que nunca te havia visto antes.
05/01/06
ou
Vida inútil de título enganoso
1.
É a luta mais vã
A cada manhã:
Lutar com palavras,
Lutar com afã;
Do modo que for,
Lutar, afinal,
Da luta do autor
À do agressor,
Lutar, como for,
Lutar, como for.
Lutar, por que não?,
Lutar pelo amor,
Igualmente vão:
Lutamos, então,
Com dores na mão,
Com tola paixão,
Em cega prisão,
Em prostituição,
Em só solidão,
O eterno refrão
Da masturbação.
Lutamos sem crer
Naquilo que é óbvio:
Que vamos morrer
Sem nunca colher
Sem nunca colher
Sem nunca colher.
Assim, lutaremos,
Ainda e pra sempre,
Em vão lutaremos
À sós lutaremos
Enfim lutaremos
Vivos lutaremos
Sem nunca viver.
2.
O que pode fazer o poeta
Ao saber que a verdade mais certa
É sua impotência e hipocrisia?
O poeta que faz poesia
Denunciando que é hipocrisia
Fazer o que faz e lutar?
Aquele que escreve uns versos maus
Que ele próprio confirma, afinal,
Serem inúteis serem estéreis?
Que pode o hipócrita fazer quando
Descobriu que todo seu encanto
É justamente a falsidade?
Quando, elogiando toda inação,
Porque sempre lhe respondem não,
Está lutando, como for.
3.
É vã a luta por ti.
Igualmente vã a dor.
É vão, assim, meu amor.
E é vão, tão vão, se te vi.
Inútil estar aqui.
Inútil gritar por algo.
É vão implorar por algo.
E é vão, tão vão, se te vi.
A dor é vã igualmente.
Não há verso que acalente.
Nada de útil já li.
E é vão, tão vão, se te vi.
Gritar por algo é sem uso.
O esforço por ti obtuso.
Algo Absoluto se ri.
E é vão, tão vão, se te vi.
4.
Mas sei que, tão vão, te vi.
Sei que, só isso: te vi.
Que envergonhado te vi.
Dane-se o resto: te vi.
De um jeito que nunca te havia visto antes.
05/01/06
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