27.12.05

Tchau, good bye, auf wiedersehen… au revoir.

Vamos lá, deixem-me falar só mais um pouquinho de Você.

Vou passar uma semana sem te ver. Faz tempo que isso não acontece, até. Não muito tempo, mas algum tempo. Acho. Não sei, me perco facilmente nas contas. Mas é esquisito. Vou sentir tantas saudades, mas ao mesmo tempo será tão... purgante. Respirar um ar que não está viciado pela sua presença imaginária! Deixar um pouco de torturar meus olhos, de magoar minhas mãos, de estourar minha pele de tanto sangue que corre em alta velocidade por ela. Pensarei em você o tempo todo, te verei na água turva do mar e quase acreditarei que você está ali, mergulhando sob mim. Uma semana inteira, parece tão pouco tempo, há algum tempo seria mesmo. O tempo transformou o mesmo tempo em um longo tempo. Porque há alguns meses eu te via menos ainda, e uma semana sem você era normal. Não gosto de normal. Queria que nada fosse normal. Queria que não te ver fosse absolutamente anormal porque queria te ver todo dia, mas não queria que te ver todo dia, todo instante da minha vida, fosse normal porque queria que a cada segundo que eu te olhasse em minha vida de só-te-olhar fosse um novo segundo, que começasse e acabasse em si mesmo, segundo com começo meio e fim pra eu poder falar que te tive inteiramente por um segundo. Merda, como te adoro! E começar um novo ano sem te ver vai doer como passar um ano todo sem sua presença aqui perto! Uma semana, quarta-feira quinta-feira sexta-feira sábado domingo segunda-feira terça-feira quarta-feira. E agora percebo que nada me diz que te verei quando voltar, então talvez esse tempo se estenda terrivelmente mais. Saudades. Mas saudades é bom, quando é só saudades. Porque te vendo em intervalos menores que uma semana eu até chego a ter saudades (tenho saudades a todo instante sem você, é claro), mas é sempre misturado com a dor de não te ter de verdade. Ter. Sim, ter. Esse verbo que as pessoas costumam refutar, rejeitar como se fosse um verbo inferior. Quero te ter, sim, e daí?, quero ter, não estou falando isso de um modo possessivo, mas é isso que eu quero. Já disse que ter é importante sim, não sigo essa besteira de “o importante é ser”. Então te quero ter. Te quero. Ponto. E te quererei mais intensamente ainda naquela paisagem maravilhosa que estará tão vazia sem a vista maravilhosa de você, seu corpo, sua expressão facial, seus movimentos – pois dizem que são nossos movimentos que fazem nossa aparência, por isso as fotos são tão estranhas. Adoro acima de tudo você e seus movimentos. Adoro também o que você fala, o que você escreve, o que eu acho que você pensa. Mas não terei você, nem seus movimentos, nem suas falas, nem seus escritos por uma semana. Terei, sim, a possibilidade de imaginar o que está fazendo, pensando. Não sei o quanto isso me basta!

Nos últimos dias consegui, para meu infortúnio, me convencer de que você não gosta de mim. Não falo no sentido de ‘você não corresponde meus sentimentos amorosos por você’, falo de um gostar muito mais simples. Achei que você me desprezava. Me convenci disso. Por algumas horas, menos de um dia. Acho que nunca vivi momentos em que qualquer coisa fosse mais absolutamente sem sentido. Nos momentos em que me senti nauseado, no ano passado, sempre tinha a possibilidade do suicídio. Mas até isso me pareceu ridículo e vazio no momento em que me deparei com o fato: você não gosta(va) de mim. Simplesmente não sabia o que fazer. Me senti tão mal, mas tão ruim. Não fiquei triste com você, mas comigo mesmo, é claro. Eu já me desconvenci disso. Mas ainda ficou a pergunta: Se eu posso ser alvo do seu desprezo, o que nesse mundo eu posso merecer? O que eu posso fazer, o que terá qualquer valor em minha vida se existe a possibilidade de eu provocar repulsa em você? Em alguém tão... te adoro.
Já estou com saudades, nem faz tanto tempo que não nos vemos.

Estou desvalorizado por gostar tanto de você. Apaixonados são a escória da humanidade. Estou sem valor de troca, então como esperar que você um dia olhe pra mim? Vou ficando pequeno, comprimido por minha paixão, e você já não consegue me ver, não consegue me distinguir em meio aos detalhes do seu campo de visão, estou microscópico. Se pra você já era invisível, vou ficando mais e mais. Fico pequeno, sim, mas então como posso me sentir tão engrandecido por meus sentimentos? Tão... melhor. Como se o fato de eu ser capaz de sentir tanto assim por alguém fosse indício de que, talvez, só talvez, eu não seja tão ruim, não seja um enorme desperdício de carne, de que talvez eu mereça as coisas boas que tenho e possa destruir as ruins. Sinto como se o céu de São Paulo fosse lindo! Sinto que o mundo de concreto e sujeira em que vivo é leve como o ar despoluído de um paraíso qualquer, sinto que a solidão é uma coisa bela, sinto que talvez os panteístas estivessem certos, sinto que a música instrumental pode significar algo afinal, que uma rosa é uma rosa é uma rosa e que você é uma rosa é um cravo é um espinho é sangue é uma bandeira tremulando no vento-você! Você! Sinto que posso gritar “VOCÊ!” e que você vai me ouvir um dia, você, e que o som vai entrar por seu umbigo e fazer vibrar seu estômago e você vai vomitar que me ama, que me ama! Talvez., sinto que poderia viver minha vida toda só dizendo que te adoro, não precisaria nem mesmo que você correspondesse a meus sentimentos, só dizendo só se você me ouvisse seria tão te adoro e eu poderia fazer você vibrar com minhas ondas sonoras de fala linguagem te adoro e eu criaria uma única vez ou quantas vezes eu quisesse eu poderia criar por mim mesmo o seu movimento, o seu movimento que eu tanto adoro eu poderia provocá-lo e me sentir um pouco co-autor junto, é claro, junto com você de algo tão belo e simples quanto o seu movimento seja esse movimento um imperceptível vibrar de moléculas um imperceptível fluir de sangue ou um mais que perceptível espasmo uma convulsão um ataque epiléptico de amor um desfalecimento uma queda infinita uma ascensão turbulenta ao paraíso que fica abaixo de seu umbigo! Por isso quando alguém me diz que eu preciso te esquecer e que o que não traz nada de bom a gente acaba anulando eu respondo: a melhor coisa que existe e já existiu na minha vida é minha paixão por você. Dói. Dói mesmo, dói, demais até. Mas é minha dor e é por você.

o seu olhar lá fora
o seu olhar no céu
o seu olhar demora
o seu olhar no meu

o seu olhar seu olhar melhora
melhora o meu

onde a brasa mora
e devora o breu
como a chuva molha
o que se escondeu

o seu olhar seu olhar melhora
melhora o meu

o seu olhar agora
o seu olhar nasceu
o seu olhar me olha
o seu olhar é seu

o seu olhar seu olhar melhora
melhora o meu

6 Comentários:

Blogger yuribt disse...

O seu amor
Ame-o e deixe-o
Livre para amar
Livre para amar
Livre para amar

O seu amor
Ame-o e deixe-o
Ir aonde quiser
Ir aonde quiser
Ir aonde quiser

O seu amor
Ame-o e deixe-o brincar
Ame-o e deixe-o correr
Ame-o e deixe-o cansar
Ame-o e deixe-o dormir em paz

O seu amor
Ame-o e deixe-o
Ser o que ele é
Ser o que ele é
Ser o que ele é

27/12/05 19:30  
Blogger Artur disse...

"Ame-o E deixe-o etc." porque são coisas diferentes?

27/12/05 20:59  
Blogger Ozzer Seimsisk disse...

Artur: ouça minha risada maléfica :þþþþ

Hua hua hua ha ha...

Theno inveja do seu amor às vezes...

27/12/05 23:16  
Blogger Artur disse...

Essa da inveja você me explica na Cajaíba!

28/12/05 00:00  
Blogger Artur disse...

Odeio odeio odeio mentir no blog. Principalmente quando não posso corrigir. Mas não foi culpa minha.

Voltei da Cajaíba. Dor. Sono. Saudades de lá, já. E uma interrogação por enquanto irrespondível. Quem viver verá.

3/1/06 22:37  
Blogger Artur disse...

Eu diria pra ignorarem este post... mas acho que o mais saudável seria ignorar todos os meus posts...

exceto pela parte em que digo que Te Adoro.

4/1/06 16:25  

Postar um comentário

<< Home