11.1.06

Apesar de tudo, és tudo
ou
Meu sol, nem que seja em pensamento

A lagartixa ao sol ardente vive
E fazendo verão o corpo espicha:
O clarão de teus olhos me dá vida,
Tu és o sol e eu sou a lagartixa.
(Álvares de Azevedo)


Apesar de tudo, és tudo; apesar
Do quanto dói e doerá ainda,
Te quero tanto e quererei ainda,
Te espero em pranto e esperarei ainda,

Enquanto sois e, sei, sereis ainda
Fonte dos sóis que me iluminarão,
Enquanto sofro, com tua luz infinda,
Enquanto sofro e sofrerei ainda.

Apesar de tudo, és tudo que quero
E amo num universo infinito,
Quieto, vazio e solitário, exceto
Por sua presença e seu bondoso grito.

Assim ao lado seu contente vivo
E podendo te ver já me contento:
Só tua vida é que pode me dar vida,
Tu és meu sol, nem que seja em pensamento.

11/01/06

1 Comentários:

Blogger Artur disse...

Deixo aqui o poema do Álvares de Azevedo em que me inspirei (é lindo esse poema...):

A lagartixa

A lagartixa ao sol ardente vive
E fazendo verão o corpo espicha:
O clarão de teus olhos me dá vida,
Tu és o sol e eu sou a lagartixa.

Amo-te como o vinho e como o sono,
Tu és meu copo e amoroso leito...
Mas teu néctar de amor jamais se esgota,
Travesseiro não há como teu peito.

Posso agora viver: para coroas
Não preciso no prado colher flores;
Engrinaldo melhor a minha fronte
Nas rosas mais gentis de teus amores

Vale todo um harém a minha bela,
Em fazer-me ditoso ela capricha...
Vivo ao sol de seus olhos namorados,
Como ao sol de verão a lagartixa.

11/1/06 13:49  

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