Haicais de inverno
ou
Mês de julho
(um)
Robert Frost
Bosque branco em sonho:
Ainda milhas pra andar
Antes de dormir...
(dois)
Insistência
Apesar do frio,
Nudez e janela aberta
Para alguém entrar.
(três)
Transmutação
Grande cobertor;
Debaixo, estou sozinho:
Pequena prisão.
(quatro)
Brincadeira
Responde a pergunta
Com os sinais de fumaça
Do teu respirar!
(cinco)
Insônia
Sozinho de noite
O frio queima o coração.
Esmago formigas.
(seis)
Dois pontos de vista
Perto da lareira –
O encontrar de duas mãos.
Carinho; inveja.
(sete)
Brincadeira – II
Riso e arrepio:
Um espírito do frio
Sopra em meu ouvido.
(oito)
Beleza
Uns lábios azuis,
Rosto pálido e gelado:
Oh, Deus, que tragédia!
(nove)
Prenúncio
Frio: estou imóvel.
Vou criar este haicai
Só na primavera.
(dez)
Insistência – II
Não quero acordar...
No sonho não há cobertas,
Você que me aquece.
(onze)
Romântico
Tu serves o vinho,
Desligas o aquecedor
E te vais embora.
(doze)
Insônia – II
Madrugada, álcool,
Meus amigos já partiram.
Não lembro onde moro...
(treze)
Na verdade...
Reclamo do frio
Desde o começo do outono...
Vá-te, primavera!
(catorze)
Dois pontos de vista – II
Por ninguém usá-lo –
Solidão e liberdade –
Meu nome congela.
(quinze)
Desculpa
O calor do álcool
É quem se deve culpar
Do suor da dança.
(dezesseis)
Miragem
Por causa do frio
Meu gato vem ao meu colo –
Mas não tenho um gato!...
(dezessete)
Insistência – III
Na rua um cão ladra
Enquanto minha alma geme.
Será que tem fome?
(dezoito)
Inverno
Paixão: uma gripe
Contraída por querer.
Tu longe, no Hades...
(dezenove)
Insistência – IV
Dia claro e frio.
O Sol perdeu seu calor?
Hoje não te vi.
(vinte)
Insistência – V
Árvores sem folhas.
A morte anda nas ruas.
Não estás comigo.
(vinte e um)
Tempo de morte
Por favor, silêncio:
Um bebê nasceu no inverno.
Por que estou tão triste?
(vinte e dois)
Permanência
Agora é verão
Do outro lado do mundo.
Mas estou aqui.
(vinte e três)
Impermanência
Se me lembro bem
Ainda no fim do outono
Vovô era vivo...
(vinte e quatro)
Beleza – II
Hoje não nevou
E a paisagem está suja.
Vou brincar lá fora.
(vinte e cinco)
Desculpa – II
Minhas orelhas
Doem por causa do frio...
O som dos seus passos!
(vinte e seis)
Violência
Não me tens calor,
Mas ousas me dar conselho
De me agasalhar...
(vinte e sete)
Miragem - II
Não, não estou só!
Tenho o espírito do fogo
Que habita a lareira...
(vinte e oito)
Violência – II
O vento cortante –
Sangue corre pela face –
Lágrimas geladas.
(vinte e nove)
Insistência – VI
Velho lago sujo!
Quem agüentará seu frio?
Vamos pular juntos?
(trinta)
Na verdade... – II
Sou eu essa neve
Que sob pressão vira gelo
Quando tu me pisas.
(trinta e um)
Insistência – VII
Que infelicidade:
Já não sonho mais contigo...
Finde tudo, então!
26/07/06
ou
Mês de julho
(um)
Robert Frost
Bosque branco em sonho:
Ainda milhas pra andar
Antes de dormir...
(dois)
Insistência
Apesar do frio,
Nudez e janela aberta
Para alguém entrar.
(três)
Transmutação
Grande cobertor;
Debaixo, estou sozinho:
Pequena prisão.
(quatro)
Brincadeira
Responde a pergunta
Com os sinais de fumaça
Do teu respirar!
(cinco)
Insônia
Sozinho de noite
O frio queima o coração.
Esmago formigas.
(seis)
Dois pontos de vista
Perto da lareira –
O encontrar de duas mãos.
Carinho; inveja.
(sete)
Brincadeira – II
Riso e arrepio:
Um espírito do frio
Sopra em meu ouvido.
(oito)
Beleza
Uns lábios azuis,
Rosto pálido e gelado:
Oh, Deus, que tragédia!
(nove)
Prenúncio
Frio: estou imóvel.
Vou criar este haicai
Só na primavera.
(dez)
Insistência – II
Não quero acordar...
No sonho não há cobertas,
Você que me aquece.
(onze)
Romântico
Tu serves o vinho,
Desligas o aquecedor
E te vais embora.
(doze)
Insônia – II
Madrugada, álcool,
Meus amigos já partiram.
Não lembro onde moro...
(treze)
Na verdade...
Reclamo do frio
Desde o começo do outono...
Vá-te, primavera!
(catorze)
Dois pontos de vista – II
Por ninguém usá-lo –
Solidão e liberdade –
Meu nome congela.
(quinze)
Desculpa
O calor do álcool
É quem se deve culpar
Do suor da dança.
(dezesseis)
Miragem
Por causa do frio
Meu gato vem ao meu colo –
Mas não tenho um gato!...
(dezessete)
Insistência – III
Na rua um cão ladra
Enquanto minha alma geme.
Será que tem fome?
(dezoito)
Inverno
Paixão: uma gripe
Contraída por querer.
Tu longe, no Hades...
(dezenove)
Insistência – IV
Dia claro e frio.
O Sol perdeu seu calor?
Hoje não te vi.
(vinte)
Insistência – V
Árvores sem folhas.
A morte anda nas ruas.
Não estás comigo.
(vinte e um)
Tempo de morte
Por favor, silêncio:
Um bebê nasceu no inverno.
Por que estou tão triste?
(vinte e dois)
Permanência
Agora é verão
Do outro lado do mundo.
Mas estou aqui.
(vinte e três)
Impermanência
Se me lembro bem
Ainda no fim do outono
Vovô era vivo...
(vinte e quatro)
Beleza – II
Hoje não nevou
E a paisagem está suja.
Vou brincar lá fora.
(vinte e cinco)
Desculpa – II
Minhas orelhas
Doem por causa do frio...
O som dos seus passos!
(vinte e seis)
Violência
Não me tens calor,
Mas ousas me dar conselho
De me agasalhar...
(vinte e sete)
Miragem - II
Não, não estou só!
Tenho o espírito do fogo
Que habita a lareira...
(vinte e oito)
Violência – II
O vento cortante –
Sangue corre pela face –
Lágrimas geladas.
(vinte e nove)
Insistência – VI
Velho lago sujo!
Quem agüentará seu frio?
Vamos pular juntos?
(trinta)
Na verdade... – II
Sou eu essa neve
Que sob pressão vira gelo
Quando tu me pisas.
(trinta e um)
Insistência – VII
Que infelicidade:
Já não sonho mais contigo...
Finde tudo, então!
26/07/06
6 Comentários:
Qustão: por que não 31.
Não entendi o comentário...
E você não estava viajando?!
Eu pensei: "por que 31?"
Então me questionei como resposta: porque não 31.
Eu tava, mas e daí.
(agora não estou mais)
... só agora percebi que o "finde tudo então" ficou no final do conjunto...
você percebeu que hã dois chamados miragem? por isso que transformou umverso do primeiro em título?
não, isso foi um erro. Vou corrigir.
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