8.12.04

Odeio c/o o fundo azul-marinho deste blog faz c/ q eu tenha de ver meu reflexo na tela do computador enqto leio o q 1 dia escrevi/pensei/vomitei

Afinal, o quê?
Foda-se.

Em meus sonhos de hoje, vi uma peça que não existe, e eu era ator e tinha apenas uma fala. Mas essa fala era como a onda daquele quadro japonês que tem na minha caixa de papelão...

...e eu não conseguia decorar porque não se pode decorar uma onda. Mas cada vez que eu a lia, mesmo me sentindo impotente e desesperado, eu sentia que já podia morrer.
Eram versos. Talvez nisso esteja todo o poder da fala: os versos parecem transpirar, respirar, suspirar, explodir.

A definição de 'felici//' sempre foi uma enorme questão.
Se a felicidade pudesse se expressar (e ela pode), ela se definiria como "canalhice involuntária". Sirene: há um emissor e um receptor que a vivenciam profundamente, e nessa vivência encontram um prazer ao mesmo tempo carnal e sagrado. Para os outros 5.999.999.998 entes terrestres, é só barulho, ruído, loucura, poluição sonora e visual.
Há uma profunda identificação de "felici//" com o amor. Por isso mesmo, foda-se.

Se eu fosse escrever um daqueles livros estranhos e pentelhos de aforismos ou meditações ou máximas ou whatever, acho que a cada linha haveria um "foda-se". O "foda-se" desenvolveu-se na minha escrita, mas pouco a pouco contaminou minha fala. Está entendido. Fôda.
e teria que colocar 3 (três) asteriscos entre os aforismos, para que o livro tivesse mais páginas.

Os sonhos foram um dia meu país de exílio (voz de amilla - sim, sem a letra inicial -, chorosa, só que mais grave e jedi-like: Ninguém lembra que eu existo, ninguém pensa em mim). Hoje, eles me perseguem. Meu inconsciente coloca uma faca de pão (ou mão?) no meu pescoço, aproxima sua face imaterial, sombria, invisível, fria, sufocante, altiva, gulosa, morta, lasciva, ligeiramente roxa, lisa, bela, macia, agora eu percebi que até rimou um pouco:
sua face imaterial, sombria,
invisível, fria,
(bela, macia,)
sufocante, altiva,
gulosa, morta, lasciva,
ligeiramente roxa, lisa, ances...........
...ancestral, infantil, sanguinolenta, perfeita, sádica, masoquista, medonha, tranqüilizadora, inocente, culpada(?: apagam-se as luzes, blecaute total, risadas, aplausos, mas não acabou), urbana, lunar, nublada, fina, translúcida, universal
da minha [aproxima sua face (...) da minha] e me beija, sua saliva entra no meu corpo na forma de pesadelos insanos e perturbadores.
A faca? Fica lá mesmo quando estou acordado, sinto-a quando engulo saliva (minha ou dele?) e meu pomo-d'Adama se locomove amedrontado, fica lá para que eu não possa fazer movimentos bruscos.

Pintar copos. Ontem, claro, desejei sim, de verdade. Agora, não vejo a tinta vermelha sobre a superfície transparente, mas apenas esta estilhaçando no chão, formando pontas que se movem em direção aos meus pés e lá se fincam por si próprias. A tinta vermelha sobre a superfície transparente. Pigmento. Cacos de vidro num jardim molhado: brilham na chuva. Não é só pisar, deve-se deitar sobre eles e deixar o corpo inteiro purificar-se, é o que Deus quer, o Senhor pede que se derrame nosso sangue na Terra, para que nossa alma suba a Ele, Ah!, Senhor, abraça meu corpo livre do sangue impuro e segura em sua mão infinita minha cabeça pesada! Quando acordar, será tarde demais. Sentirá(sentirei) a matéria intrusa em meu couro cabeludo - meu cabelo empapado de mim mesmo - na minha nuca, nas minhas costas nuas, na base de minha coluna - aqui deverá enfiar-se um caco especialmente grande e pontiagudo, que atingirá meu osso e minha medula sempiterna -, em minhas coxas, meus tubérculos pérneos, meus calcanhares. Meus braços e mãos. Não posso chorar por causa da gravidade, minhas lágrimas procuram o núcleo do Planeta e vão parar em meu cérebro, de repente minha mente é tomada pelo sal, e tudo o que verei é o mar...

...até o momento da minha morte, que não tardará.

Mas você sabe que eu vou pintar copos, afinal. Eventualmente eu irei. Não sei não ir. Inércia.
Silêncio. Minha vida em movimentoretilíniouniforme.

Faltam músicas sobre o que importa. Músicas metafísicas e existenciais. Músicas que não falem só sobre amor, solidão, corneamentos, política, saudades, felicidade, mas que consigam dizer a única verdade: os suicidas tinham razão. Nada tem sentido. Eu sou a Náusea.
Com que palavras poderiam ser feitas tais canções?

Preciso escrever cartas. Cartas pessoais, profundas, verdadeiras, que digam de mim para você. Você? Qualquer você. Nunca as escreverei, mas que preciso, preciso. Foda-se.


* * *
Não me vejo chegando à velhice. Foda-se. Devo morrer de tuberculose ou me suicidar. Ou ser assassinado. Que seja um assassínio importante, por amor ou ódio. Nunca por acaso.

1 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

o_0
hmmm.... eu sei que não é pra comentar.
Bah.
Bacana.
Só não morre não, tá?
Pelo menos não dentro dos próximos 70 anos...
É só um pedido.
Num era pra eu ter ficado preocupada, né?
Mas eu fiquei... se cuida...!

11/12/04 03:05  

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