28.7.06

Cena

(Palco nu. Madeira; fundo e laterais pretos. Luz pouca e azulada, que pode aumentar um pouco mais próximo ao final da cena.

Um por um, entram os atores, que devem ser uns quinze ou vinte no total, sem expressão, mas com seus figurinos e personagens das cenas anteriores. Colocam-se dentro de um quadrado imaginário no centro da cena, orientados aleatoriamente mas somente para as seguintes quatro direções: platéia, o fundo do palco e as laterais.

Na frente de cada ator, há uma pia e espelho imaginários. Cada um ao modo de sua personagem deverá realizar os movimentos de apanhar uma escova de dente e pasta – a cena beneficiaria se esses objetos, diferentemente de todo o resto, fossem reais, trazidos de algum modo pelos atores – e escovar os dentes.

Ainda realizando a ação, de modo a comprometer-lhes individualmente a clareza mas mantendo uma lucidez do coletivo, os atores começarão a cantar.)

ATORES – Solidão,
que poeira leve...
Solidão,
olhe a casa é sua...
O telefo--

Solidão,
que poeira leve...
Solidão,
olhe a casa é sua...
E no meu descompasso
o riso dela...

Na vida quem perde o telhado
Em troca recebe as estrelas
Pra rimar até se afogar
E de soluço em soluço esperar
O sol que sobe na cama
e acende o lençol
Só lhe chamando
Solicitando...

Solidão,
que poeira leve...
Solidão,
olhe a casa é sua...
O telefo--

Solidão,
que poeira leve...
Solidão,
olhe a casa é sua...
E no meu descompasso
o riso dela...

Se ela nascesse rainha
Se o mundo pudesse agüentar
Os pobres ela pisaria
E os ricos iria humilhar.
Milhares de guerras faria
Pra se deleitar
Por isso eu prefiro
Cantar sozinho.

Solidão,
que poeira leve...
Solidão,
olhe a casa é sua...
O telefone chamou,
foi engano...

Solidão,
que poeira leve...
Solidão,
olhe a casa é sua...
E no meu descompasso
passa o riso dela...

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