25.11.05

Por favor

Pelo amor de Deus
Não vê que isso é pecado?
dezprezar quem te quer bem?


É sempre frustrante escrever o que você já sabe.
Espero que eu saiba também, o que agora escolho saber. É estranho como tenho poder de escolha, neste caso, precisamente por não saber se o que sei é a verdade. Se soubesse, eu escolheria saber a verdade. Mas isso também, é impossível.

Então vou colocar um poema que fiz por você no meu aniversário, quando você não evitava falar comigo.

Não sei porque me sinto assim feliz
Talvez seja a consciência
da transparência
dos seus olhos sensatos e viris
e minuciosamente intencionais
todos os seus olhares e os seus gestos
e o seu falar de amor que é tão humano
e desumanamente ateu, profano
corvo poetano a grasnar
nunca mais
(...)"


Eu nunca poderia contar o sonho que tive contigo. Você ficaria bravo, talvez até triste, e fingiria que me odeia ou me despreza. Talvez nem fosse de todo fingimento.
Queria não ter tido aquele sonho. Queria não ter sentido tanto prazer no ódio daquele sonho. Também queria não ter sentido sua falta, dentro e fora do sonho - acho que as coisas não acontecem do jeito que queremos.
Dizem que pouco amor não é amor, mas eu não me importo. Parece que eu sou só amor. Não vejo mais nada em mim que realmente valha tanto a pena. Você me disse uma vez (não sei se se lembra, foi há tanto tempo...) que me admirava. Queria saber que tanto você me inveja e admira. Talvez minha estranha capacidade de perseguir o sofrimento, de gostar de sofrer? De fazer o que não posso, o que não traz bem a ninguém? O seu sofrimento, querido, é meu também. Sofro por ti, nunca sofri tanto quanto por ti!

Eu queria parar de fingir que não sei de nada. Assumir que sei, de verdade. Responder com franqueza, com sinceridade, o que acho, o quero achar. Mas dizer o que me vai pela alma sempre parece que vai causar mais dor, mais desespero. Porque eu te amo, eu te quero, você é que não entende! Nem pode entender! E você me odeia por isso, e eu te odeio por me odiar? ah, mas você é um louco! Um amante! Eu sou um demônio moi même! Eu sou Raksha, a demônia, a mãe-loba. Ou será que somos todos assim? Será que eu só pude ver o demônio dentro dele porque ele foi o único realmente sincero comigo? Ou será que eu é que me recuso a ver os demônios das outras pessoas? Será que você também é um demônio?

Desculpa... Não, você não pode me desculpar. Nem devia me perdoar quando eu pedir perdão, mas eu vou pedir mesmo assim, porque além do amor tenho fé, ou talvez eu goste de enganar a todos... Perdoe-me, por favor. Foi loucura. Foi um impulso maldito. Foi loucura. Foi um desejo mau revolucionário, mal contido, mau. Perdoe-me.

"Diante de coisa tão doída
Conservêmonos serenos
Cada minuto de vida
Nunca é mais, é sempre menos
O ser é apenas parte
Do não ser, e não do ser
Desde o instante em que se nasce
Já se começa a morrer"


Eu quero esperar que você nem saiba do que estou falando; mas parece demais esperar algo assim, dadas as circunstâncias.

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