17.11.05

Each night before you go to bed

(And the darkest hour is just before dawn)

Toda noite e todo dia eu faço uma aposta implícita com Aquele deus em Quem eu não acredito, ou talvez seja uma aposta com o Destino, ou com o Cosmo - qualquer entidade absoluta que queira ouvir. Há um calculo pascaliano de possibilidades e conseqüências. Você pode (1) gostar de mim secretamente, (2) vir a gostar de mim num futuro próximo, ou (3), mais provável, jamais vir a gostar de mim.

Mas o cálculo das probabilidades é uma pilhéria.
Se eu pudesse ter certeza (e não aquelas certezas provisórias de que todos somos capazes) de que a opção (3) é a vencedora, então eu já teria me matado. Não que eu não vá fazer isso só porque não tenho certeza, mas ainda não aconteceu, obviamente.

Então eu aposto nas possibilidades (1) e (2). Chego a ter certeza delas - apesar de ter também certeza da (3). E espero dia após dia o momento em que você me dirá que meu inferno acabou. E tenho tanta certeza de que esse momento virá que quando te vejo passo mal por você não dar dicas de que dirá tal coisa. Mas dirá, claro que dirá, por que não diria?, seria absurdo.

Tenho tanta certeza que não sei o que falar, não tenho o que dizer, o que escrever. Tento fazer poemas pra repetir que te adoro, mas fracasso dia após dia. Não há o que teorizar.

Mas tenho tanta certeza, também, da (3). Isso é o que deveríamos chamar de "múltipla escolha", porque não só as opções são muitas, mas minha opção é por três simultâneas ocorrências. É, portanto, uma opção falsa.

Minha certeza da (3) me faz ter vontade diariamente de me jogar da janela. Você sofreria, talvez, mas eu não sou ultra-romântico o suficiente pra fazer disso um poema. Você sofreria mas eu não mais existiria, então no fundo tanto faz. Acho que o que vale a pena mesmo é me matar. Mas a (1) e a (2)...

E quando eu canto pra você você está olhando para o outro lado...
e eu canto tão baixinho...

E então eu converso com você pela 70ª primeira vez e canto alto, ALTO, mas você não me escuta, quem sabe você ensurdeceu? ou emburreceu?
Mas você é ainda a perfeição.

Só queria ser feliz. É isso o que eu digo faz mais de um ano aqui nessa coisa azul inútil. Só quero ser feliz.

Mas acho que nunca serei.

A pergunta é: suicido-me agora, depois das primeiras fases do vestibular ou depois das segundas fases?

Queria passar o ano-novo com você, te abraçando e sabendo que esse ano, fosse o que fosse, seria BOM porque ao menos começou comigo ao seu lado.

Mas eu nunca aprendi como ser feliz - e afinal deve ser de algum modo culpa minha que eu não consigo sê-lo.

Será que você não podia uma vez na vida olhar pra mim de um modo diferente?

Não, não pode.

Sabe, sem você nada tem graça.
Por isso eu estou pouco me fudendo para o teatro.
Por isso eu não estou nada preocupado com o vestibular.
Por isso que eu vivo minha vida sem me deixar atingir.

Nada vale a pena sem você.

Queria gritar que te amo mas não posso te amar sem você deixar.

Então deixo minha janela aberta quando vou dormir, porque assim posso fingir que posso gritar, e posso ouvir os gritos dos bêbados do bairro que me mostram o estado decadente em que eu um dia estarei se não tiver me suicidado dignamente antes.

1 Comentários:

Blogger Artur disse...

Com o próximo post, "Serafim" sai da primeira página dessa coisa azul. Estou com medo.

19/11/05 20:46  

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