25.8.05

Narrativa - 2

Fiquei olhando a porta, as mãos nos bolsos.
Acho que estava nua, não me lembro.
Escorria do meu coração um sangue quente
pulsante
elucidante
Arrisquei olhar para frente e o mundo inteiro estava muito claro e turvo. A luz do sol feria meus olhos. Lúcida.
Era uma porta pesada. Não pensei em abri-la. O mundo parecia ruir diante do estrondo de sua batida, que ecoava nos confins de Qaf. Meu coração não batia - batia a barriga. Transparenciei-me, invisibilei.
Da mesma forma que a olhara quando não a atravessaria, olhava agora a porta que desejava atravessar, porque fechada. Virei-me decidida, mas com esse impulso empuxivo arranquei lágrimas de meus olhos.
Jurei seguir em frente. Da próxima vez, não hesitaria em dizer verdades.

--- Se para sempre é sempre por um triz, haveria por um triz de ser sempre para sempre? ---

Os filósofos estavam errados: quando se faz uma escolha, não se perde tão somente as alternativas recusadas. Quando muito, estas são as únicas que pode-se manter.
Quando se faz uma escolha, perde-se o poder da escolha. E perde-se todas as opções. Perde-se quase tudo.

2 Comentários:

Blogger Artur disse...

Há que se ressaltar que nós três postamos no mesmo dia...

...!...

26/8/05 22:48  
Blogger Ozzer Seimsisk disse...

Realmente é impressionante

29/8/05 21:12  

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