24.8.05

Narrativa

Estou andando. Em algum momento do passado
ando e meus pés não fazem barulho
nem os carros na avenida
nem os teus sapatos
olhos
boca
língua.
Estou andando, o mundo ao meu redor é uma ilusão.
Não vejo nada, não vejo o Nada
posso escolher aonde irei, posso decidir tudo
Entretanto não decidirei
pois não sei quem sou
nem o que quero
nem qual é o sentido da vida.
Estou andando, e apesar da luz do sol
o lugar onde me encontro verdadeiramente
não tem luz nenhuma - nenhuma.
Devo escolher antes de saber porquê.
Não pense, apenas faça!
Estou andando
no vazio
no nada
Nada.

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Ouça um estrondo
num passado mais recente
uma porta pesada fecha violentamente
atrás de mim ressoa como uma caverna
e as sombras que projeto nela estremecem
amara apenas a personagem que em sonho criara, e não o ser humano que fora sua inspiração
No meu vazio, estremeço
Não quero abrir os olhos.
Não quero abrir os olhos.
Olho para meus pés
meus pés pés.
Apenas os vejo e me arrependo de ter aberto os olhos. Mas já o fiz. Vejo o mundo ao meu redor, em suprema dúvida a respeito de sua existência. Queria de novo ser nada.
Ser Nada e estar no nada.
A porta atrás de mim fechada.
Fechara os olhos para não vê-la.
O mundo ao meu redor
me engole
Olho para ela e finjo que não sei de nada.

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