9.8.06

Pra não dizer que não falei da fruta-pão.

Até que vou, meu professor
Vou bem.
Sentado na sarjeta
Sob um sol acolhedor
Sem inimigos.
Vou bem, meu professor,
obrigado pela força
pelo vigor e a lealdade
pelo carinho e atenção
pelo sorriso.

Não vai mais, minha companheira?
Que seja, há alguma razão.
Mas não me venha com esse ar
de desistência, de arrogância
de diabruras e vitimização.
Que o que fazemos é bem-feito
(e somos nós que fazemos)
Que o que fazemos, por trás
do que parecemos, é sincero.

Rimos muito, mestre
por que não haveríamos de fazê-lo?
A mim me parece que
rir assim, impotentemente
é amar verdadeiro,
como o do vaqueiro
(que não, mas poderia existir)
embriagado que se largou
no lombo de outro igual, resignado
até que acordaria vivo
e com uma ressaca tremenda
veria a namorada.

É, menina:
às vezes vem tudo junto assim
mas nós choramos unidos
pela miséria, angústia e desilusão,
a sua e a minha, a minha e a sua.
E nos confortamos, jogando conversa fora
Contando causos e mais causos
Relatando as risadas que se dá na vida.
E o conforto sempre vem,
os costumes vamos largando
pelos cantos, pelas paredes.
A mão acostumada se redescobre
A boca acostumada se ressente
O corpo acostumado se reforma.
(Mas a gente recorda, a gente recorda)
Não sei se tudo isso passa um dia
Não acreditava
Agora há um algo que acredita,
mas todo o resto duvida.

Beleza, cara.
Beleza de época em que as folhas caem
tanto, restando a você
o trabalho de recolhe-las
e penteá-las.
Nos veremos novamente
em meio a tantas folhas,
que já morreram, enquanto nós
ainda apenas nos preparamos.
Espero vê-lo novamente.

Meu amor,
agradeço o beijo,
e o que mostrou-se através dele.
Mas advirto:
O que mostrou-se nele,
há de ser preservado
e respeitado
e renovado sempre
também por outros meios.

Meus amigos, venham sempre,
são bem vindos.
E não é mesmo
notável e adorável
o algodão que há na fruta-pão?
Vez em quando um passarinho
bica a fruta e carrega consigo
chumaços de algodão
que se despedaçam no ar e se espalham pelo pátio
e pelas pessoas, suas roupas.
Eu também despedaço os chumaços
e solto-os.
Só não disse a vocês que hoje
o último chumaço
caiu entre vocês
abraçados.
Eu olhando o chumaço
fui gostando
de vocês e do chumaço,
fruto da fruta-pão.

1 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

akele chumaço de fruta-pão tava nojento!
afinal, oq é fruta-pão?

11/8/06 14:23  

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