Poema - Encontro de Escolas Solidárias
Estava lá, para todos lerem. Era assim:
Com uma lembrança de gente que costumava se importar. (Que são todas as gentes.)
E dos que estávam lá.
O Artista Inconfessável
João Cabral de Melo Neto
Fazer o que seja é inútil.
Não fazer nada é inútil.
Mas entre o fazer e não fazer
mais vale o inútil do fazer.
Mas não, fazer para esquecer
que é inútil: nunca o esquecer.
Mas fazer o inútil sabendo
que ele é inútil, e bem sabendo
que é inútil e que seu sentido
não será sequer pressentido,
fazer: porque ele é mais difícil
do que não fazer, e dificilmente se poderá dizer
com mais desdém, ou então dizer
mais direto ao leitor Ninguém
que o feito o foi para ninguém.
Com uma lembrança de gente que costumava se importar. (Que são todas as gentes.)
E dos que estávam lá.
3 Comentários:
Ninguém se importa
Eu sei.
Não, não sabe
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